Este é um típico filme noir, tendo sido dirigido em 1947 por Jacques Tourneur (francês que se naturalizou americano, diretor de gêneros variados) e com elenco encabeçado por Robert Mitchum, que tinha 30 anos de idade na época, mas cerca de 30 filmes no currículo, sendo um ator absolutamente prolífico a partir da década de 40. Kirk Douglas, porém, com a mesma idade, estava fazendo seu segundo filme, embora claramente já demonstrando todo o talento que tinha. Também se destaca no filme a atriz Jane Greer, muito bonita e fotogênica, que curiosamente quase quarenta anos depois participou do remake chamado Paixões violentas, fazendo a mãe da personagem que interpretou neste filme (no caso, mãe da personagem de Rachel Ward). Alguns dizem que este filme foi um autêntico modelo noir e sob certo aspecto têm razão, pois contém todos os seus elementos, tanto em imagem/fotografia, quanto em roteiro: preto & branco, alguns ângulos interessantes de câmera, muitas sombras, lacunas, mistério, suspense, anti-herói de poucas e certeiras palavras, durão, cínico, imprevisível, misterioso, a mulher fatal (também imprevisível…e dissimulada), o vilão, o perigo, a paixão, assassinatos, ritmo ágil, narração em off e uma trilha sonora compatível. Apesar de tudo isso, na sua segunda metade o filme perde um pouco a unidade por alguma razão; a definição ou a coordenação de algumas ações e cenas não é totalmente satisfatória. Não que isso apareça com total clareza, mas se percebe. Mesmo assim, certamente pode ser colocado entre os bons exemplares do cinema noir, prende totalmente o espectador, existe um ar de permanente mistério sobre o desenrolar dos fatos (como se tudo estivesse por um fio…) e na parte final reencontramos, em outro contexto, a mesma paisagem do início e que dava uma falsa impressão de sossego e serenidade. E a última cena é excelente, um desfecho que, como a força de alguns personagens, deixa uma impressão mais permanente depois do The end. 8,7
