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O ÍDOLO CAÍDO (THE FALLEN IDOL)

Dirigido em 1948 pelo britânico Carol Reed (o mesmo do ótimo O terceiro homem) este original e premiado filme noir tem efetivamente um elemento diferenciado em relação aos demais: a presença de uma criança como peça fundamental do enredo. Trata-se do ator Bobby Henrey, que na época tinha 9 anos e assumiu (muito bem dirigido) o papel de filho do embaixador, que saiu e deixou o casarão (leia-se embaixada) aos cuidados do Sr. e da Srª Baines, pessoas de sua absoluta confiança, os quais ficaram também responsáveis pelo citado filho. O casal é interpretado por Ralph Richardson e Sonia Dresdel, também participando do filme como peça-chave Michèle Morgan. O roteiro foi elaborado pelo famoso Graham Greene, jornalista e escritor britânico (romances, contos, peças teatrais, críticas literárias etc) e constrói uma história que vai intensificando os diversos conflitos e apresentando um emaranhado de fatos, compostos por verdades e mentiras misturadas e que servirão para intensificar tanto o suspense, quanto o interessante (e muito realista) clima envolvendo as suspeitas levantadas após o suposto crime -sim, porque em se tratando de filme noir sempre haverá alguém morto. Ponto vital do roteiro é o estudo da inocência afetada, ou como os fatos acabaram se misturando, principalmente na cabeça do menino, que vive diversos dilemas morais, atrapalhado tanto pela idade, quanto pelos compromissos de “segredo” que vai assumindo com diversas pessoas e sempre desejando não prejudicar aqueles por quem tem maior afeto, além de tentar guardar os segredos combinados. O filme habilmente constrói um arcabouço de verdades e mentiras e embora o espectador saiba diferenciá-las, sente-se totalmente inseguro quanto ao destino dos personagens, no sentido de qual “verdade” prevalecerá no final. Curioso que grande parte da história depende da visão das coisas por parte do garoto, inclusive esse fato ficando bastante claro pelos próprios ângulos de filmagem, sempre de baixo para cima, como se representassem quase que todo o tempo o ponto de vista do menino sobre os fatos adultos que testemunha e vivencia. Uma ótima diversão, muito bem produzida e dirigida e em belo preto & branco.  8,7