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MURDER, SHE SAID (QUEM VIU, QUEM MATOU)/MURDER MOST FOUL (CRIME SOBRE CRIME)/MURDER AHOY (O REGRESSO DA VELHA CURIOSA)

São três filmes diferentes, mas que estão juntos por várias razões, a seguir expostas. O primeiro é de 1961 e baseado em “4:50 from Padington” (Testemunha ocular do crime); o segundo, de 1964 e baseado em “Mrs. Mc Ginty´s dead” (A morte da Sra Mc Ginty) e o terceiro, também de 1964, baseado parcialmente em “They do it with mirrors” (Um passe de mágica). Todos esses filmes fizeram parte das várias versões para o cinema de livros da inigualável Agatha Christie, levados às telas no início dos anos 60. São todos filmes protagonizados por Miss Marple, a “detetive de saias”, a segunda personagem mais famosa da escritora (o detetive belga das pequenas células cinzentas, Hercule Poirot, é imbatível no primeiro lugar). Todos em preto e branco, com o mesmo estilo/clima, com o mesmo diretor (George Pollock), com a mesma atriz (Margaret Rutherford, que na época tinha 70 anos e uma carreira dramática de reconhecido êxito na Inglaterra e agraciada em 1961 com a Ordem do Império Britânico), com o mesmo amigo “braço-direito” (Stringer Davis), com o mesmo inspetor de polícia (Charles Tingwell) e passando-se na mesma cidadezinha da Inglaterra, com similar padrão de fatos e investigações. A trilha sonora tem também estilo semelhante em todos os filmes, denotando ao mesmo tempo leveza, alegria e picardia, mas de todo modo deixando claro que se trata de uma comédia e que tudo vai ser contado sem maiores traumas, embora se saiba que o assunto é crime. Em todos ocorrem assassinatos e Miss Marple, com sua inteligência, intuição, experiência, astúcia e destemor, vai seguindo implacavelmente as pistas (visíveis e invisíveis) e elaborando mentalmente os fatos, até chegar ao assassino. Inclusive desafiando o senso comum e a própria polícia, geralmente perplexa com o desenrolar dos acontecimentos. Seu nome é “ação” e a partir do momento em que resolve entrar em um caso e investir todo o seu tempo nele, o assassino é que tem que se cuidar. Uma delícia para os fãs! Claro que se trata de três enredos totalmente distintos uns dos outros, cada qual tendo seu charme e seus encantos e gostar mais de um ou de outro depende bastante do gosto do freguês. Mas representam uma época específica do cinema, na qual era comum a sétima arte valorizar os romances policiais desse fenômeno chamado Agatha Christie. Pois é óbvio que, por mais bem feitos que sejam os filmes, por mais que tenham se cercado de todas as boas intenções e a qualidade possível, para transpor ao cinema, do modo mais fiel, as histórias dos livros, a riqueza destes é tanta, que é impossível, em qualquer época, se dar uma ideia precisa da profundidade dos romances e do talento e criatividade da escritora, que de tempos em tempos felizmente é descoberto com a leitura das suas –indispensáveis- obras, pelas mais diversas gerações.  8,7