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A CARTA

A primeira cena já mostra um assassinato –por isso o belo cartaz do filme não dá spoiler!-, cujos desdobramentos vão ocorrer ao longo do filme, com algumas surpresas, sendo o primeiro mistério o do próprio nome do filme (que é fiel ao original): que carta é essa e onde está? Mas o mistério não vai muito longe e a partir da solução dele ficam outras dúvidas e o filme segue, dramático, com alguma tensão e a ótima interpretação, como sempre, de Bette Davis. O diretor consegue imprimir bom ritmo e uma roupagem nobre ao filme, sendo ele William Wyler, que dois anos antes havia dirigido Jezebel com a mesma Davis e que nos anos seguintes daria ao cinema grandes filmes, entre os quais O morro dos ventos uivantes, Rosa da esperança, Os melhores anos de nossas vidas, A princesa e o plebeu e Ben Hur. O filme tem alguns detalhes interessantes, mantém um certo suspense, mas uma ou outra performance não tem o brilho que deveria e o seu desenvolvimento deixa um pouco a desejar, por questões talvez do próprio roteiro, sendo na verdade um filme apenas assistível, quando poderia –talvez com alguns toques de inteligência e criatividade no enredo- ser um fascinante filme noir. Em resumo, embora não seja de se desprezar, por instantes interessantes do roteiro, pelo diretor e principalmente pela ótima atriz, o filme é meramente um bom filme dos anos 40, com uma história que a rigor poderia perfeitamente ser exibida em uma das sessões da tarde. Não foi assim, entretanto, que entendeu a Academia de Hollywood, indicando o filme a sete categorias no Oscar 1941 (embora não tenha vencido em nenhuma): Filme, Diretor, Atriz, Montagem, Fotografia em p&b, Trilha sonora e Ator coadjuvante. De fato, o ator James Stephenson foi o destaque do filme juntamente com Bette Davis, compondo muito bem o difícil personagem do advogado, que acaba envolvido (e atormentado) em problemas éticos.  7,7