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UM CASO DE HONRA (THE WINSLOW BOY – 1948)

Uma grande surpresa este filme, que passou praticamente despercebido ao longo dos anos, muito embora tenha tido um remake em 1998, dirigido por David Mamet e intitulado “Cadete Winslow”. A história é baseada em uma peça de 1946 de Terence Rattigan e se passa no ano de 1912, portanto dois anos antes do início da Primeira Guerra Mundial. O fato é que uma situação que normalmente era tida como resolvida pela Academia Naval Real inglesa, acaba saindo do controle e desencadeando inesperadas consequências, que envolvem o parlamento britânico, a tradição inglesa dos Lordes, o Judiciário de Sua Majestade, a imprensa, enfim, todo um sistema constituído e aparentemente inabalável, em torno da discussão não propriamente de culpa ou de inocência, mas do direito a um julgamento justo, independentemente de quem seja a pessoa acusada de um crime. Ou seja, discute-se, a partir do direito de petição, o direito constitucional de defesa para todo e qualquer cidadão, razão pela qual o filme atinge um patamar elevado de ideias e ideais, totalmente valorizados pelos seus marcantes personagens (convincentes) e pelas ótimas interpretações (ótimas e na medida certa), respaldadas em um roteiro ágil, inteligente, extremamente rico e bem elaborado. A história tem aspectos bastante interessantes e flui sem reparos, sob a batuta do competente diretor Anthony Asquith e uma perfeita sintonia de todo o elenco, entre outros constituído por Neil North, Robert Donat, Cedric Hardwicke e Margaret Leighton, sendo realmente surpreendente o seu resultado. Todo o contexto forma, em suma, um conjunto perfeitamente harmônico e seu final é também bastante inspirado, fechando, como se diz popularmente, “com chave de ouro” uma obra de notável qualidade em todos os sentidos. Cinema de primeira. 9,5