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O BOMBARDEIO (THE BOMBARDMENT)

De alto nível este drama de guerra dinamarquês, retratando um episódio pouco divulgado, do final da Segunda Guerra Mundial, precisamente ocorrido em 1945 em Copenhague. O filme nos ambienta com o país (DInamarca) e com sua capital e com múltiplos personagens e situações, iniciando com cenas impactantes e terminando da mesma forma, inclusive servindo os créditos finais para relatar “números” e, assim, complementar toda a tristeza que o filme traz, justamente por mostrar fatos reais, embora, é claro, em parte romantizados. Mas o foco principal é a realidade e esse realismo vai tornar profundas e intensas as emoções, notadamente na segunda metade do filme, em que haverá momentos realmente assustadores, tornando acentuada ao limite a estupidez da guerra. Um deles é acompanhar uma esquadrilha de ataque, durante todo o seu percurso aéreo prévio ao bombardeio (do título do filme), até o momento em que as bombas são disparadas dos aviões em direção aos alvos e as consequências que provocam. Talvez assistir a este filme no atual momento, em que eclode a covarde guerra dos russos contra os ucranianos, sirva para intensificar as emoções e também a indignação que o filme provoca. Há cenas perturbadoras, muitíssimo bem realizadas, sendo excelentes a fotografia, direção de arte, edição e direção e performance de todo o elenco (extraordinária de alguns). A trilha sonora é cirúrgica, harmonizando todo o contexto e tornando o filme realmente destacável. Mas fica o alerta: aqui não é cinema diversão, fantasia, desapego: é o espelho doloroso do mundo real, finalizado inclusive com uma cena de pungente significado. SPOILER: difícil não dar spoiler considerando o título do filme, o que aparece escrito antes de o filme iniciar e o desenrolar das cenas, então não leia a frase seguinte quem não quiser saber algo muito importante na história. Trata-se aqui – o tal episódio pouco conhecido – de um dos maiores erros históricos cometidos pela Força Aérea Britânica e sobre o qual, afinal, repousa todo o enredo, lembrando que a Alemanha ocupou a Dinamarca na década de 40. Inclusive, uma das críticas ao filme é não aprofundar essa questão da culpa pelo ataque, embora ela temporalmente tenha advindo posteriormente aos limites da própria história que é contada.  Netflix. 8,8