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AMERICAN TRAITOR: THE TRAIL OF AXIS SALLY

Este é um filme interessante porque narra um episódio singular da Segunda Guerra (e logo após), mostrando uma personagem pouco conhecida da História. O mundo todo conhece a música Lili Marleen, que tornou a cantora Lale Andersen (nome artístico) musa dos soldados alemães, ecoando pungente pelas rádios nos campos de batalha da Segunda Guerra e se transformando em uma espécie de hino de motivação e recolhimento. Mas poucos sabem a respeito da história de Mildred Gillars, uma americana obrigada a se tornar alemã e que transmitiu pela rádio, também durante a Segunda Guerra Mundial, propaganda nazista. Ela ficou conhecida pelos soldados americanos como Axis Sally (provocando amor e ódio ao mesmo tempo) e o filme conta parte de sua importância e de seu envolvimento com a guerra, de como ela estimulou de início os americanos a não participarem, de como ela, depois, tentou persuadir os EUA a deixarem a guerra de lado sob o argumento de que o exército alemão seria invencível e assim por diante, tudo fazendo parte da poderosa engrenagem da máquina de propaganda alemã, representando aqui o lado psicológico da guerra. Não é um roteiro brilhante e o espectador certamente poderia ser mais envolvido se fosse mais consistente. Entretanto, como dizem os sábios, existe aqui um elemento de destaque: o filme tem Al Pacino! E tendo Al Pacino, pode até ser um roteiro médio que ele o eleva. E assim aqui ocorre. Não fosse ele, seria um filme pálido até, compatível com uma sessão da tarde. Com Pacino desempenhando o papel do advogado de Axis, no julgamento que se seguiu ao final da guerra (ocorrido em Washington), o filme acaba fazendo com que o espectador se emocione e também reflita sobre o veredito dado e inclusive sobre aquele a que chegaria se fossem apreciados todos os detalhes e todas as circunstâncias, inclusive cabendo lembrar neste caso, como cruciais, as questões abordadas pela filósofa política e escritora alemã Hannah Arendt quando tratou da “banalidade do mal”, o que no caso, em palavras simples, traria à discussão a existência ou não de culpa de alguém comum que pratica o mal por estar sujeito à coerção/coação relativas ao cumprimento de ordens e sob severa ameaça, com total abandono (ou não) das convicções e da própria dignidade pessoal. 8,2