SUA MELHOR HISTÓRIA
Um filme agradável de se ver e que faz rir e também emociona. Em plena época da Segunda Guerra e da Londres sob bombardeio alemão (1940), uma equipe de cinema do governo tem a missão de manter em alta o moral do povo inglês, produzindo um filme que enalteça o heroísmo e faça permanecerem acesos os valores do heroísmo, coragem, patriotismo e sobretudo da esperança. O grande poder da arte, na comunicação imediata com o povo, seria a resposta de um país vendo ruir suas estruturas, a partir do tema do famoso episódio de Dunquerque, a fim de estimular todo um país a resistir e a se reerguer (filme-propaganda). Em torno desse fato e do filme dentro do filme, a história se constrói, em tom de comédia, mas evocando alguns dramas e até romance. E com subtextos interessantes. Com a atuação muito boa de Gemma Artenton e ótimo elenco (que inclui Bill Nighy e em passagem meteórica o carismático Jeremy Irons), o filme tem um roteiro e direção seguros (a cineasta dinamarquesa Lola Scherfig, de “Educação” e “Um dia“) e algumas ótimas “sacadas” irônicas contra os EUA, começando pelo “arranjo” no roteiro para colocar o ator de “brancos dentes” e terminando por criticar o way of life do povo americano, como apreciador da arte cinematográfica. Em alguns momentos, o filme lembra a famosa frase de O homem que matou o fascínora, sobre o poder da imprensa e a necessidade de às vezes se maquiar a realidade: se a lenda for melhor do que a realidade, publique-se a lenda. Na minha opinião, a súbita guinada na última parte do filme caiu mal, pois eu a achei sem sentido e de mau gosto (numa tola tentativa de originalidade forçada), embora muitos possam não ter interpretado assim. Mas rumando para o final ocorre de certa forma um resgate da normalidade e se reservam as melhores cenas e emoções, no triunfo da sétima arte e no da vida sobre a morte (sucedendo uma feliz frase do personagem de Bill). 8,0