É muito difícil um filme desse gênero – drama de guerra (no caso de uma época futura envolta de pessimismo) – livrar-se de todos os clichês já consagrados. E, de fato, este thriller de ação sueco, produzido também pela Netflix, tem muitos apelos comerciais. Entretanto, após um começo padrão, o filme consegue enveredar por caminhos originais bastante interessantes e visualmente belíssimos, embora não no sentido usual da palavra. A beleza do visual aqui é representada por um ambiente deserto, noturno e misterioso, viajando sobre águas congeladas, em uma insólita missão que envolve o percurso de uma longa distância por um meio original e que irá render muitas cenas espetaculares. As cenas noturnas impactantes acentuam o vazio, a incerteza, a falta de perspectiva, a ausência também de herois, os impasses morais e esse cinza patina de mãos dadas com o perigo, com a crueldade e com a morte iminente, sem a clareza da face do inimigo, e enaltecendo o non sense da guerra. Difícil desassociar muitos fatos do filme com a atualidade desumana e inescrupulosa da guerra do perverso e sociopata russo. O final pode ser claro para alguns e enigmático para outros. Mas não é tão difícil desvendar seus símbolos e a marcante protagonista é a sueca Noomi Rapace, atriz bastante prolífica no cinema atual (Os homens que não amavam as mulheres, Lamb). 8,5
