A REVOLUÇÃO SILENCIOSA
Um belo e emocionante filme (adaptado de famosa obra literária) e com relevante conteúdo histórico. Porque quem assiste a ele mergulha nos fatos envolvendo a Guerra Fria, a política e os regimes vigentes no mundo e especialmente nas Alemanhas Oriental e Ocidental do pós-guerra – década de 50 (especificamente em 1956 -, em época que precede em cinco anos a construção do Muro de Berlim). O filme trata de ideologias, do livre-pensar, da coragem, da juventude e de seu desejo e ímpeto de mudar o mundo, de questões morais profundas, de passados secretos, mencionando em parte importante a contrarrevolução húngara contra o domínio soviético…e se baseia em acontecimentos reais. A partir de um episódio específico em sala de aula é que acabamos entrando nesse universo, extremamente valorizado pelos ótimos roteiro e trabalho de direção (Lars Kraume), edição e elenco. Mas a trilha sonora e a fotografia são também muito bons. Curiosamente o referido episódio tem relação (embora forjada) com o famoso jogador húngaro Puskas, considerado um dos melhores da história do futebol e comandante do esquadrão da Hungria de 1954 (na Copa da Alemanha). Um drama forte, repleto de situações tensas e emotivas, com um ou outro momento novelesco (inclusive um específico, “plagiado” do cinema americano), mas que acaba não comprometendo a qualidade final. No epílogo, ficam estranhas sensações de vazio no ar, mas também a certeza de que às vezes certos fatos e atitudes acabam, frustradamente, não representando revolução política alguma: mas deixam marcas inesquecíveis e traçam fronteiras concretas – revolução nas mentalidades e conceitos – para que vidas novas sejam experimentadas. 9,0