Marlene Dietrich foi uma atriz e cantora alemã naturalizada americana e que em 1920, com 19 anos, já atuava nos palcos alemães. Começou a ficar famosa com o filme “O anjo azul”, de 1930 e participou de inúmeros filmes. Neste, no início não se consegue avaliar todo o seu potencial de diva, mas o fato vai ocorrer ao longo do filme. Mas ela não é a única atração desta produção de 1948, dirigida pelo consagrado Billy Wilder, que anos antes havia feito Pacto de sangue e Farrapo humano e que posteriormente dirigiu dezenas de filmes de sucesso, entre os quais Quanto mais quente melhor, Crepúsculo dos deuses, Se meu apartamento falasse, O pecado mora ao lado, Inferno 17, A montanha dos sete abutres etc. O filme, que na verdade é uma comédia -eventualmente os americanos rindo deles mesmos- com tons românticos, tem diálogos muito bons (inclusive cínicos e ferinos, contra o nazismo, mas também contra o moralismo americano -bastante fortes para a época), alguns excelentes e se percebe facilmente a mão de Wilder na condução e no ritmo da história, que a partir de sua metade cresce ainda mais. Embora todo o elenco esteja muito bem, incluindo Jean Arthur, John Lund como o capitão e Millard Mitchell como o coronel estão perfeitos em seu timing. A par do lado cômico, entretanto, temos várias mensagens que mostram o horror da guerra e as alternativas de sobreviver a ela, durante e após, sendo impressionante o retrato de miséria pós-guerra, principalmente nas chocantes imagens de Berlim aos escombros, que nos é mostrada demoradamente, tanto do ar, como na terra. Um filme interessante, divertido e obviamente muito bem conduzido pelo maravilhoso Wilder. 8,7
