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FARRAPO HUMANO (THE LOST WEEKEND)

O filme ganhou em 1946 os Oscars de Melhor Filme, Diretor (Billy Wilder), Ator (Ray Milland) e Roteiro adaptado, tendo concorrido também nas categorias de Melhor edição, fotografia e trilha sonora. Na verdade, é uma história contada de uma forma magistral e com todos os elementos que compõe a difícil temática do alcoolismo. O roteiro aborda tanto os sentimentos do próprio viciado (consciente de seu vício, mas incapaz de vencê-lo), com os dos que o rodeiam, além de todas as decorrências do vício da bebida no âmbito sócio-familiar. Vemos o desespero do viciado em procurar dinheiro para comprar mais uma garrafa ou uma dose, em esconder garrafas para acessá-las quando necessitar, a decadência física e moral de quem não consegue se libertar do álcool. Nesse ponto o filme é realmente um marco, assim como é esplendorosa a atuação de Ray Milland no papel principal. Entretanto, como obra cinematográfica -em termos de entretenimento e atração- não causa além de sentimentos de fraternidade, pena, profundo pesar e alguma curiosidade pelo desfecho da história. Porque a partir do conhecimento do tema, não haverá muitas surpresas para o espectador e o encantamento se dará justamente em face da brilhante performance do protagonista (se bem que todos trabalham muito bem, incluindo naturalmente a ótima Jane Wyman), embora deva ser ressaltado o ineditismo da abordagem do alcoolismo dada pelo filme: responsável, profunda e mostrando inclusive o problema como uma doença e não com humor ou como “ato de pouca vergonha”, como usualmente aparecia nos filmes até aquela época. Conta-se inclusive que o roteiro incomodou muito, inclusive a indústria americana de bebidas, que teria oferecido uma soma milionária para que a Paramout não exibisse o filme. A nota adiante vai por todo esse conjunto de fatores. 8,5