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GUTLAND

Um filme na verdade de origem luxemburguesa, inclusive sendo essa a nacionalidade do diretor Govinda Van Maele. Um roteiro elogiado e que foi responsável pelo filme representar Luxemburgo na corrida dos candidatos ao Oscar de filme estrangeiro. A respeito de roteiros de filmes, a maioria de nós parece ter necessidade de uma solução rápida para os mistérios, ou seja, anseia e deseja logo a revelação do dilema, até como uma condição imprescindível para seu equilíbrio. Não só quando se trata de histórias mais realistas, nas quais são mostradas pessoas normais e com reações plausíveis, mesmo que sejam pessoas diferentes de nós, no modo de agir ou nos costumes; mas também quando a história é complexa por conta de quem a escreveu, cheia de dilemas, alguns até sem resolução. O que chamo aqui neste blog de filme de arte é um ou outro desses dois tipos: ou um filme que vai apresentando muito lentamente a trama, contando vagarosamente a história, apresentando as explicações de uma forma absolutamente sem pressa (o que exige muita paciência do público) ou, o segundo tipo, um filme daqueles chamados de “cabeça”, intelectual, complexo, repleto de mensagens cifradas, imagens estranhas ou bizarras, subtextos…São os que eu chamo de “filme de arte”, que podem ou não agradar e geralmente satisfazem apenas uma restrita porção do público (principalmente os da segunda categoria). Este filme, por exemplo, não mostra nenhum herói, mas uma pessoa misteriosa que aparece do nada e tenta se integrar a uma comunidade (com alguns segredos), sem que ninguém saiba ao certo de onde vem e para onde deseja ir (inclusive o espectador). É um filme de arte do primeiro tipo e temos que ir acompanhando os fatos para entendermos o que está oculto, o que motiva o personagem e que passa a ter na nova vida um perceptível crescimento (inclusive aprendendo arte), ganhando a cada passo valiosas lições pessoais, duas das quais talvez sejam dirigidas também a nós: a de que às vezes a vida nos dá chances a serem aproveitadas e, também, de que às vezes o que se precisamos, em nosso mundo caótico, é tão somente de um campo de pouso. Para parte do público e da crítica, trata-se de um filme com muitas promessas não cumpridas em seu término. De minha parte, contudo, acompanhei o enredo com curiosidade e achei o desfecho satisfatório (a alegria do personagem disse tudo).  8,0