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PREPARAÇÕES PARA ESTARMOS JUNTOS POR UM PERÍODO INDEFINIDO DE TEMPO (PREPARATIONS TO BE TOGETHER FOR AN UNKNOWN PERIOD OF TIME)

Um filme para ser bom não necessita muitas vezes ser totalmente compreendido, muitas vezes podendo ser valorizado pelos sentimentos ou pela curiosidade que desperta no espectador ou então por alguns de seus méritos cinematográficos. É o caso. Porque aqui se trata de uma obra que claramente é bem acabada e tem um sentido proposital, a partir de certo ponto passando a exigir do espectador que reflita e tente entender ou decifrar determinados mistérios. São questões provocantes e estimulantes, havendo uma espécie de quebra-cabeças que se pressente inteligível, mas que nem sempre vai resultar na descoberta de seu todo. Em outras palavras, o mérito deste filme está no seu mistério e no estímulo que provoca para que o espectador pense, sinta e encontre a solução de seus enigmas, que aparentemente são simples por envolver questões amorosas, mas que justamente por esse motivo se tornam relativamente complexos. Porque nem sempre o que se vê é a realidade, sendo pródiga a mente humana em fabricar fantasias e ampliá-las conforme se deixa navegar e servindo o cinema também como veículo de tais devaneios. O caso aqui é de um filme intencionalmente complexo em sua forma e que no final vai deixar grande parte do público com um grande ponto de interrogação, notadamente pela última cena, embora talvez pequena parte do público consiga entendê-lo perfeitamente. Mas para a mensagem que, afinal, deve se retirar do filme dentro das intenções da diretora Lili Horvát talvez essa perfeita compreensão seja irrelevante e o fundamental mesmo seja não o destino final, mas o prazer da viagem. O filme foi o representante da Hungria entre os candidatos a Melhor filme estrangeiro no Oscar de 2021, sendo um filme difícil e enquadrado como cinema de arte, mas não deixando de ser palatável se visto como uma interessante e original obra cinematográfica.  8,3