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SHIVA BABY

A plataforma Muby é especializada em filmes diferentes, aqueles filmes a que chamamos “filmes de arte”. Tem muitos filmes bons ali, mas a maioria é desconhecida do chamado “grande público” e assistir a eles passa a ser, às vezes e de certa forma, uma aventura. Porque ver um filme “de arte” é sempre nutrir a esperança de que a qualquer momento vai rumar para caminhos prazerosos e divertidos ou que nos alimentarão a mente ou o espírito, isso por mais que comecem e continuem sem aparentar um bom conteúdo. E assim entraremos em grandes frias, vendo filmes por tempo muito além do que merecem. Como recentemente experimentei com dois filmes de arte, chamados “Os cinco diabos” e “Bem-vindos a bordo”, ambos ruins (claro, que haverá quem discorde). Mas este filme, na verdade uma comédia (e deve ser visto por esse tom, necessariamente), dirigido pela canadense Emma Seligman – na verdade seu filme de estreia –, que também o roteirizou, é uma boa tentativa de ver algo diferente e com qualidade. O filme foi co-produzido por americanos e canadenses e contém muita ironia e crítica dentro de um mundo exclusivamente dos judeus. No caso, trata-se de um Shivá, período de luto no judaísmo, e de uma porção de saias-justas – usando uma expressão utilizada pela minha ídola, crítica de cinema Isabela Boscov – envolvendo Danielle (interpretada por Rachel Sennott), uma jovem judia com gostos e atividades extracurriculares e os fatos e pessoas que a cercam e que pertencem ao mundo ali representado (no velório, que no caso dura 7 dias depois do funeral), estando inclusive presentes os seus pais. Onde muitas vezes parece reinar o verdadeiro caos, com várias sensações e sentimentos que todo esse mosaico desperta, há inteligência, ironia e diversão, ou seja, algo a ser apreciado e degustado e, no mínimo, um ótimo entretenimento. 8,7