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NINGUÉM SABE QUE EU ESTOU AQUI

Este é um filme chileno de 2020, cuja parte final vale todo o seu percurso, o qual não é de fácil digestão. Inclusive porque testa os próprios preconceitos do espectador, mostrando uma vida solitária, isolada e esquisita de um anti-herói, sujeito gordo, introvertido, antipático e aparentemente grosseiro. Vamos conhecendo o passado do personagem por meio de flashbacks, de fantasias e tentando, aos poucos, entender o que o motiva e quais as causas do seu distanciamento da civilização e de seu comportamento antissocial. Como dito ao início, lentamente os fatos vão sendo narrados, o filme mostra a grande dificuldade para se quebrar barreiras, tarefa para a qual felizmente parece sempre haver candidatos –pois sem alguma ajuda pouco se pode fazer em alguns contextos. E a parte final do filme acaba valendo pelo filme todo e fechando um círculo, com a resolução de alguns dilemas que incomodavam e finalmente sendo propiciado algum alívio e, por fim, alguma libertação. Vemos, então, de forma clara, a magnitude que alguns acontecimentos que envolvem crianças ou jovens podem provocar, os intensos efeitos que resultam de algo aparentemente banal (não perceptível por todos) e que podem ser permanentes, como o fenômeno conhecido como bullying, tendo uma resolução das mais difíceis e comprometendo eventualmente a felicidade de toda uma vida. Trata-se aqui, de um drama que expõe os traumas de um personagem difícil, mas também aponta alguns caminhos que podem redimir em parte ou ser definitivamente salvadores. 8,5