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GILDA

Nunca houve uma mulher como Gilda” (pronuncia-se Güilda), estava escrito no poster deste drama noir de 1946 (em P&B) e a frase galgou fronteiras, de espaço e tempo. E o filme ficou famoso, claro, por Gilda de Rita Hayworth, uma femme fatale e também pela sua famosa interpretação da música “Put the blame on Meme”, que é realmente um espetáculo à parte, aos 98 minutos de filme – Rita canta a mesma música em momento anterior do filme, ao violão, interpretação muito bonita, exceto que o som que sai do instrumento nada tem a ver com os acordes que ela faz. Entretanto, merece também um grande destaque outra performance da atriz, dessa vez com uma dança extra e aos 90 minutos de filme: a música, Amado mio. Um show. Rita era cantora e também uma excelente dançarina e, aliás, quem procurar na internet achará várias apresentações dela, chamando a atenção uma dança em especial, tendo como partner o extraordinário e inimitável Fred Astaire. Este filme foi dirigido pelo húngaro Charles Vidor, que no ano anterior havia dirigido À noite sonhamos (vida de Chopin) e tem um ótimo elenco, começando com Glenn Ford e prosseguindo com George Macready (o marido), Joseph Calleia (o policial) e Steve Geray (Uncle Pio), entre outros. O drama, com alguns pequenos mistérios, gira em torno de um cassino supostamente localizado em Buenos Aires e outros negócios do proprietário (escusos), mas principalmente envolvendo ele e a esposa (Rita) e o novo gerente contratado (Ford), havendo sombras do passado rondando as relações. Rita está ótima, fazendo o tipo de mulher sensual, mas que simula com charme, cinismo e inteligência, alternando comportamentos vulgares. O espectador acompanha os fatos e a todo momento se pergunta sobre onde aquilo tudo levará. O filme não se compara a um Casablanca (embora certa conduta do detetive no final lembre um pouco), é certo, mas tem seus momentos de encanto e mantém o interesse, inclusive pelos diálogos ácidos que apresenta: em certo momento, por exemplo, Johnny (Ford) diz a Ballin (Macready, o marido) que “há quantidade de mulheres no mundo mais do que qualquer outra coisa, exceto os insetos”. Um filme que até hoje mantém seu charme, o que não é pouco, embora não tenha sido indicado a nenhum Oscar. 8,7