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A NOVIÇA REBELDE (THE SOUND OF MUSIC)

Morreu ontem, dia 5 de fevereiro de 2021 e aos 91 anos, o excelente ator Christopher Plummer e que deixará saudades pelos grandes personagens que fez nas dezenas dos filmes dos quais participou (e séries de TV, como Pássaros feridos). Aos 35 anos na época, o capitão Von Trapp marcou seu nome na história dos personagens, assim como o filme, considerado – com justiça – como um dos maiores do cinema. Plummer foi ator também de teatro, atuou na Broadway, e sua carreira abrangeu simplesmente 70 anos de história! Aqui ele é pai de 7 filhos e contrata uma governanta para administrar a casa e as crianças: justamente a noviça Maria, que estava indecisa sobre se seguia sua missão no convento ou aderia ao mundo “normal”. E a partir daí a história se desenrola, com Julie Andress apresentando uma atuação simplesmente magistral e inesquecível. Nada menos do que perfeita! Acontece que embora ela tenha concorrido ao Oscar de Melhor atriz por este filme, no ano anterior (em 1965) havia ganho o mesmo Oscar por Mary Poppins. Aparentemente uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas sabemos que em Hollywood muitas vezes não é assim. Dessa forma, o Oscar de 1966 foi para outra Julie, a Christie! E não por Doutor Jivago, que concorreu e ganhou diversos Oscars naquele ano (filme magistral também), mas pela personagem que desempenhou em Darling (em português, o péssimo título Darling, a que amou demais). Uma total injustiça, porque o desempenho de Christie no referido filme não chega aos pés do banho de interpretação que Julie Andress deu neste O som da música! Mas, faz parte da história do cinema! E além de Plummer e Andress, todo o elenco é maravilhoso, incluindo as crianças, a própria baronesa (Eleanor Parker), o amigo desta (Richard Haydn) e a madre superiora (Peggy Wood), autora de importantes lições de vida, inclusive. As “crianças” são fabulosas, aliás, o filme tem uma unidade impressionante, ainda mais considerando a sua duração. Começa com qualidade e termina da mesma forma, apresentando imagens magníficas, uma fotografia maravilhosa (filmado nos alpes austríacos e em Salzburgo), portanto, uma trilha musical esplendorosa, com canções lindas (que sequer concorreram ao Oscar!!!) e muitíssimo bem interpretadas e ensaiadas (como todos os números musicais, diga-se de passagem), havendo uma empatia total e plena coordenação de todo o elenco, um ritmo perfeito, uma direção perfeita, atuação digna de nota, enfim, todo o conjunto de elementos é realmente de uma obra-prima do cinema. Um musical que se tem defeitos, são imperceptíveis e que diverte, entretém com qualidade e praticamente todo o tempo causa algum tipo de emoção, geralmente relacionada com o amor, com a beleza, com a família, com a música, com a alegria de viver! Algo que deve ser visto por todas as famílias e que de quebra aborda um momento delicado da história, mostrando o momento em que a Alemanha começava a alastrar o nazismo (a partir da década de 30), o que provoca no espectador uma indignação à parte, outro mérito do filme e do roteiro, especificamente. O diretor Robert Wise (O dia em que a Terra parou, Amor sublime amor) esteve perfeito, inclusive no trabalho extraordinário de edição! O filme tem cenários belíssimos de uma Áustria exuberante e sua abertura já é um deleite, com filmagens aéreas de todas as belezas naturais dos planaltos e planícies austríacos. Um filme praticamente sem defeitos e que renova sua atualidade cada vez que é assistido, ficando gravado como uma obra imorredoura da sétima arte. Ganhou os Oscars de Melhor filme, diretor, edição, trilha sonora e mixagem de som. Perdeu os de Melhor atriz (uma injustiça total, um absurdo!!!), Atriz coadjuvante (Peggy Wood, a madre superiora), Direção de arte, Fotografia em cores e Figurino, perdendo nessas três últimas categorias para Doutor Jivago, outra obra maravilhosa do cinema. Foi baseada em livro que narra a real história da família austríaca Von Trapp, foi obrigada a deixar a Áustria em razão da anexação do país pela Alemanha. Curiosidade: das sete crianças do elenco, morreram duas, a que interpretou Liesl (a filha mais velha, que na verdade  tinha 23 anos à época) e a que fez Louisa.  10,0