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A DAMA DE SHANGHAI

Dirigido e estrelado por Orson Welles, em 1947, este filme na minha opinião é supervalorizado. Embora tenha muitas qualidades, também tem defeitos -vários momentos que destoam, que não se encaixam, que soam como bizarras e sem sentido até, como algumas cenas no tribunal, e considero que aqui Orson foi muito melhor dirigindo do que atuando. Tem cenas charmosas, envolventes, Rita Hayworth cantando belamente e naturalmente, como noir, tem crime, a fotografia típica, a femme fatale e até narração em off e as sempre empolgantes e imprevisíveis cenas de julgamento de um crime (mistério…). Um julgamento, aliás, muito estranho e bagunçado, parecendo em alguns momentos uma feira. O todo do filme, em suma, não é harmônico. A própria atuação de Rita Hayworth é despida de emoções, difícil dizer se por exigência da personagem (para manter o suspense), se por falta de empenho/talento da atriz ou exigência do diretor. E o personagem de Welles também não é de todo satisfatório, apresentando um temperamento e uma personalidade (um caráter) na primeira parte do filme, que são totalmente negados depois. O próprio Everett Sloane (o marido) tem momentos ótimos no filme, mas no tribunal fica hesitante e até caricato.  Existe intriga e mistério, não se perde o interesse na trama, que  tem instantes de muito suspense, mas poderia ter havido mais coesão e até criatividade. O desfecho, porém, é muito bom, sendo ótima a cena dos espelhos. No todo um bom filme, mas nada muito além disso, comparando com outros, como Embriaguez do sucesso, A marca da maldade, O mensageiro do diabo, À beira do abismo, Crepúsculo dos deuses. 7,8