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LOBO (WOLF)

A apresentação já impressiona: direção de Mike Nichols (A primeira noite de um homem, Ânsia de amar, Quem tem medo de Virgínia Woolf, Closer), uma música forte e que já sinaliza drama, suspense e muito mais, imagem da lua cheia (formando a letra “O” do título), de uma estrada noturna que serpenteia entre montanhas, cercada por florestas de neve, a trilha sonora de Ennio Morricone e somado a tudo isso um elencaço: Jack Nicholson, Michelle Pffeiffer, James Spader, Richard Jenkins e Christopher Plummer (que dispensam comentários!), entre outros. E o filme confirma a expectativa inicial: é um filmaço. Seria perfeito se não fossem umas pequenas inconsistências de roteiro, mas mesmo assim está acima dos demais filmes do gênero. De todos os tempos. Memorável e tendo como grande destaque seu central, a alma do filme. Jack Nicholson, já consagrado como maravilhoso ator (e com uma fisionomia que contribui para o papel, sendo muito bem explorada pelo diretor) e Michelle Pffeiffer, belíssima e com uma atuação excelente. Com eles, o sempre ótimo Christopher Plummer, o camaleão James Spader e a direção sempre firme do polêmico mas competente Nichols, tudo ornamentado pela competentíssima trilha sonora  de Morricone (os instrumentos certos na hora certa). O filme se desenvolve muito bem e sem pressa – exceto na parte final-  aprofundando o mito e dosando bem seus elementos, revelando com densidade os componentes do drama, do romance e da tragédia. Desde a primeira cena, aliás, o espectador já entra no clima e na tensão  da espera. E paralelamente à história mitológica, desenvolve-se a da editora e dos dramas envolvendo o novo proprietário e seus objetivos pessoais e editoriais, o que também é muito interessante. Não são inesquecíveis os efeitos especiais, mas neste caso não se sente falta deles. Pela vitalidade dos demais elementos, já citados. E as inconsistências referidas dizem respeito a apenas alguns detalhes, superados pelas virtudes. Mas realmente sente-se falta eventualmente de alguns aspectos mais desenvolvidos, há momentos muito apressados e certas incongruências na parte final, inclusive na luta e também uma falha do roteiro quando o som de uma tesoura de grama deveria ter sido ouvido (e não foi); por fim, falta verossimilhança ou sincronia temporal quando o rapaz chega na mansão logo após a moça, pois essa chegada só poderia ser bem mais tarde, em virtude dos acontecimentos na delegacia. De resto, uma cena final que deixa as coisas em suspense e, em síntese, um belíssimo filme, de excelência dentro do gênero. Embora produzido em 1994, até o momento não foi superado e certamente não o será apenas por filmes mais recentes e repletos de bobagens, a despeito de terem notáveis efeitos especiais. Pode até mesmo ser considerado um clássico. Se não é, um dia o será.  9,0