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A ESCAVAÇÃO (THE DIG)

Este filme, com título traduzido ao pé da letra, provocou em mim muitas emoções e sentimentos vários, que inclusive permaneceram um bom tempo após o seu final. Isso para mim é um indicativo de algo diferenciado, embora, claro, cada um sinta de uma forma diferente uma obra cinematográfica, conforme seu estado de espírito e suas condições pessoais, incluindo, é claro, o gosto pelo gênero. Coloco-o em nível bastante superior à média, reconhecendo sua alta qualidade e até mesmo sua originalidade na forma de contar a história, em razão do modo de edição, das cenas contemplativas e do “tempo de linguagem” (a voz dos interlocutores aparecendo fora do momento da conversa). É um drama muito interessante e bem construído, que se passa na Inglaterra no início da Segunda Guerra Mundial (quando os ingleses declaram guerra à Alemanha) e conta uma história real – e também emocionante – envolvendo a arqueologia. Com bela fotografia, diga-se de passagem.  O elenco é todo coeso, havendo muitos personagens ricos e o roteiro acaba inclusive fazendo um curioso paralelo entre a “arte de ressuscitar o passado” (a arqueologia) e a “(in)finitude humana”: Desde a primeira marca de mão na parede de uma caverna, somos parte de algo contínuo! Tudo é mostrado com muita delicadeza, várias sutilezas nos relacionamentos que aos poucos vão-se expondo e acabamos nos envolvendo pelas várias facetas dos dramas que vão se formando. A trilha sonora é outro destaque e valoriza de forma intensa todo o contexto do ótimo trabalho conduzido por Simon Stone, que nos dá também diversos instantes intimistas, quando desvia seu foco dito principal para o universo e os dramas dos personagens. Direção sensível porém firme, contando de forma adaptada – o filme é baseado em livro de John Preston, de 2007 – uma das maiores descobertas arqueológicas já feitas no Reino Unido no século 20, no caso, a Escavação de Sutton Hoo ou Tutancâmon Britânico) Absolutamente vital para qualificar o filme, o elenco é capitaneado pelos excelentes Ralph Fiennes (que foi ficando maduro e cada vez melhor!) e Carey Mulligan (maravilhosa em tudo o que faz), embora também não haja como deixar de registrar a presença sempre marcante e talentosa da jovem Lily James. 9,0