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FÚRIA DO DESEJO (RUBY GENTRY)

Um filme diferente e instigante, com alguma sensualidade, doses de romantismo e um marcante e principal papel feminino, interpretado de forma bastante ousada por Jennifer Jones. Às vezes temos até a impressão de exagero nos maneirismos, mas logo a impressão se desfaz e se vê a grande atriz, estrela de Duelo ao sol, de A canção de Bernadette nove anos antes (pelo qual ganhou o Oscar de 1944) e que viria a protagonizar dali a poucos anos Suplício de uma saudade, com William Holden. Os atores Karl Malden e Charlton Heston (antes de Os dez mandamentos, A marca da maldade e Ben Hur) também atuam muito bem (Heston, como galã), embora todos os personagens do filme pareçam orbitar em torno de Ruby, que efetivamente é o centro das atenções e também, obviamente, o foco das discórdias. Estas constituirão elemento vital do enredo, assim como algumas questões envolvendo o amor e a paixão e até a diferença existente entre ambos. E sem esquecer que o ódio e o ciúme são inimigos sempre à empreita, quando o jogo é o do amor e quando existem múltiplos interesses. Há várias cenas muito interessantes (inclusive durante as caçadas), mas uma delas é tão bem feita (a da dança) -em que a direção e as atuações são tão boas -, que chegamos a sentir em nós as sensações do personagem Jim (Karl). O diretor é King Vidor (Duelo ao sol, Guerra e paz) e o filme foi lançado em 1952, época em que o diretor já tinha mais de 30 anos de carreira, razão também pela qual consegue imprimir ao roteiro uma intensidade não raras vezes contagiante, inclusive ao mostrar as consequências dos amores errados ou mal correspondidos ou, em outras palavras, os efeitos perversos de sentimentos que não se consegue bem controlar ou direcionar. Uma das curiosidades do filme é que Jennifer na época era casada com o produtor do filme (entre dezenas), David O. Selznick, cuja presença era constante nas filmagens e, segundo muitos, absolutamente incômoda. 8,6