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FÚRIA SANGUINÁRIA (WHITE HEAT)

O título original deste policial noir – em preto e branco – de 1949 é uma boa metáfora, referindo-se à alta temperatura a que são submetidos os metais. Mas o nome em português também não mente, porque o que move o filme é o gângster-chefe interpretado pelo ótimo James Cagney, papel que o ator já havia desempenhado em vários filmes ((O inimigo público, Anjos de cara suja…). Esse ator, cuja fisionomia é lembrada vagamente pelo britânico Kenneth Branagh, desempenha aqui um personagem absolutamente alucinado, que parece um nervo exposto (a versão séria do popular “baixinho invocado”): Cody Jarret, um psicopata, acometido de problemas neurológicos e devoto a uma mãe possessiva e também criminosa. Difícil prever os limites do personagem, exposto com muita energia por Cagney, tendo provavelmente inspirado muitos personagens do cinema, inclusive famosos (vide o conhecido de Joe Pesci). Aqui se trata do mundo do crime, policiais versus bandidos, aqueles já usando a incipiente tecnologia de localização e estes com aqueles casacos estilo capa francesa de chuva de gabarbine, chapéu quando o caso, com vários temas inseridos no enredo, como o do policial infiltrado (de vital importância na história), cobiça/ganância, confiança/traição etc. O filme, dirigido pelo excelente Raoul Walsh (Seu último refúgio, O ídolo do público, O ladrão de Bagdá), ganhou o prêmio Edgar de Melhor roteiro e concorreu no Oscar 1950 a Melhor história original – prêmio este que foi extinto a partir de 1958. A trilha sonora também se harmoniza adequadamente com a ação e os personagens, principalmente o de Cody. Também se destaca do ótimo elenco o talento e a beleza da atriz Virginia Mayo (Os melhores anos de nossas vidas, Falcão dos mares), então com 28 anos. A parte final do filme reserva alguns momentos bastante empolgantes, representados por cenas muito bem realizadas/executadas, como nos melhores filmes do gênero. 8,7