Um filme com apenas dois personagens, interpretados por Cara Theobold (atriz britânica que atuou em Downton Abbey) e Gethin Anthony (ator também britânico e que fez o papel de Renly Baratheon em Game of Thrones), mas que, para quem gostar, vai produzir ao seu final uma sensação enorme, talvez até uma mistura de prazer e melancolia. Porque nos desperta emocional e também intelectualmente. Ambos, da dupla de protagonistas, são muito bons, ela com um charme todo especial. O diretor, Oliver Krimpas é competente e o roteirista, Jonathan Kiefer, excelente, embora ainda não muito conhecidos do grande público. E, para completar, uma história que vai ser mais bem entendida -embora talvez não em toda a sua amplitude- apenas na sua parte final e que é contada com diálogos em alto nível (intelectualmente falando), repletos de filosofia e ciência (o Paradoxo de Fermi, por exemplo), o que torna o filme difícil ou entediante para talvez grande parte das pessoas. Não é realmente um filme para todo tipo de público, embora seu tom seja leve e as interpretações acompanhem essa leveza. Mas o texto é denso e às vezes tem efeito de um monólogo e exige a máxima atenção nos diálogos, para se tentar extrair todo o seu sentido. Mas é um filme delicado (como a trilha sonora), reflexivo, original e extremamente inteligente e que estranhamente cria uma intimidade sutil, tanto entre os personagens, como com o próprio espectador. Fala de nossa existência, por ela mesma e perante o cosmos infinito que nos rodeia e sua mensagem e ideia são esplendorosas, situando o Homem e a inteligência diante dos mistérios do universo. Quem dele gostar sentirá uma atração especial e ficará impulsionado/instigado a mergulhar nos seus mistérios e pensamentos filosóficos. Foi o meu caso, pois o filme me impactou, do lado intelectual e também sentimental e me deixou, após o desfecho, com aquela sensação que perdura por longo tempo, típica dos grandes filmes e da visão de uma obra rara e que tem muito mais a oferecer do que se consegue, pelo menos ao primeiro contato, captar. Um filme único e apaixonante. 9,0
