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PARIS ESTÁ EM CHAMAS?

Este longa-metragem (quase 3 horas) foi uma super-produção na época (1966), tendo sido indicado no Globo de Ouro 1967 para a Melhor trilha sonora e no Oscar do mesmo ano para Melhor fotografia e Melhor direção de arte (em preto e branco). É de fato uma obra que merece respeito e destaque, apesar de hoje em dia parecer meio “datada” pela quantidade de filmes que já foram feitos sobre a ocupação de Paris, a Resistência etc. Porque é uma produção bem acabada, apesar de alguns momentos parecerem desconectados, tendo como diferencial a direção, o elenco, a trilha sonora e também as emoções que nos faz experimentar, tanto pelo tema, quanto pelas cenas reais inseridas na história, principalmente das manifestações coletivas intensas diante do final de uma opressão que já durava mais de 4 anos, para tanto havendo centenas de figurantes representando a festa popular libertadora. Além disso, o filme foi rodado inteiramente em Paris, em 180 locações, simplesmente.  Há grandes momentos, portanto, apesar de ser um filme claramente ufanista/“patriótico”: ora sob o ponto de vista francês, ora sob o foco americano.  O diretor foi o francês René Clément (O sol por testemunha, O passageiro da chuva…) e o elenco é realmente inacreditável, envolvendo inúmeros artistas famosos, americanos e franceses (alguns representando personagens importantes da Segunda Guerra), inclusive em “pontas”, cabendo destacar: Orson Welles, Alain Delon, Kirk Douglas, Glenn Ford, Jean-Paul Belmondo, Charles Boyer, Leslie Caron, Yves Montand, Simone Signoret, Anthony Perkins, Michel Piccoli, Claude Rich, Robert Stack e Jean-Louis Trintignant. O filme tem valor cinematográfico e de época, ainda hoje provocando emoções, diante dos valores que enaltece, principalmente o da liberdade e dos direitos humanos. Produção franco-americana baseada em obra literária, sua parte final é o seu ponto mais forte, tendo sido roteirizado por Gore Vidal e Francis Ford Coppola. A música-tema é uma das mais famosas do cinema e foi executada um cem número de vezes, entre outras por Paul Mauriat e Frank Pourcel. No filme, a trilha é conduzida por Maurice Jarre (Doutor Jivago, Lawrence da Arábia, Sociedade dos poetas mortos, O homem que queria ser rei etc). O título do filme se refere à ordem dada por Hitler ao seu general comandante da ocupação francesa, para que, caso tivesse que abandonar a cidade (pela chegada dos aliados), ordenasse sua total destruição, mediante grandes incêndios e explosões, que atingiriam inclusive todos os símbolos históricos de Paris (Torre Eiffel etc). Curiosidade: apesar de a sequência final ser colorida (vista aérea de Paris), o filme é todo em preto e branco e a razão seria a de as autoridades francesas não terem permitido que, mesmo em se tratando de um filme, fossem hasteadas bandeiras da cor vermelha e preta dos nazistas. 8,6