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A FILHA PERDIDA (THE LOST DAUGHTER)

Mais um lançamento Netflix e tenho certeza de que a grande maioria dos que o virem ou vão detestá-lo ou nem chegarão até o fim. Porque é um filme estranho, difícil de ver, por esse motivo tornando-se cansativo, com muitas reticências, com várias chamadas pontas soltas de roteiro (fatos sem lógica ou sem explicação plausível), com símbolos (o mesmo broche que aparece, por exemplo…) e assim por diante. Na verdade, a prolixidade do roteiro já significaria para alguns o sinônimo de um filme ruim, o que não deixa de ser um pensamento defensável: afinal, imagina-se que uma história deva ser capaz de ter o seu significado pelo menos perceptível ou dedutível, não devendo ser clara apenas ao roteirista ou ao diretor. E aqui os fatos ocorrem de um modo esquisito e principalmente algumas das atitudes da protagonista e o comportamento também de alguns personagens ficam sem qualquer explicação. Trata-se da adaptação de uma notável obra literária e cuja direção incumbiu a Maggie Gyllenhaal (sim, irmã de Jake), que saiu do seu relativo “conforto” de atriz (Professora do jardim da infância, Donnie Darko, Secretária…) e enfrentou um apreciável desafio. O tema passa principalmente pela maternidade, pelo peso que carrega, inclusive tirando-lhe o glamour e a idealização, também abordando as consequências do tempo, das culpas, da idade, da própria liberdade da mulher e nisso reside uma de suas qualidades. A outra é a soberba atuação de Olivia Colman, atriz que cada vez mais desponta como uma seguidora da inigualável Meryl Streep, tanto em termos de qualidade interpretativa, quanto de diversidade dos papeis que interpreta. Assim, apesar dos defeitos, conforme o espectador e o momento, o filme poderá despertar sentimentos e emoções. Pessoalmente não gostei muito dele, justamente pelos defeitos, mas reconheço seus méritos, reconheço que me deixou incomodado, algo intrigado e esses fatores acabaram pesando para que ele alcançasse uma nota mínima para estar aqui. Pensando também no público que poderá apreciá-lo muito mais do que eu.  Mas ficam, a todos, os alertas feitos. Por fim, cabe o registro das ótimas atuações de Jessie Buckey (a Leda mais nova), Ed Harris (sempre maravilhoso) e de Dakota Johnson (50 tons de cinza), que, para quem não sabe, é filha de Don Johnson e Melanie Griffith. 7,6