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OS MELHORES ANOS DE UMA VIDA (LES PLUS BELLES ANNÉES D´UNE VIE)

Neste tipo de filme os franceses sempre foram mestres. Inclusive porque o amor que eles mostram e celebram, realista e não-adocicado, não cai na banalidade e naturalmente reflete o modo de vida/os costumes e o pensamento do próprio povo francês. Que de certa forma é bastante atraente. Só que este filme tem algo extremamente singular e certamente muito emocionante para os mais antigos ou os que assistiram ao filme Un homme et une femme de 1966, embora também seja tocante para os que não o viram: acontece que aqui se trata do reencontro dos antigos amantes, Jean Louis e Anne, os mesmos interpretados em 1966 por Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant, hoje com 87 e 89 anos, respectivamente! E que agora são colocados em um contexto no qual podem talvez avaliar melhor o passado e também o presente. E eles estão maravilhosos! E o diretor é o mesmo, isto é, o celebrado Claude Lelouch (Retratos da vida, Crimes de autor, Viver por viver) resolver promover um reencontro do casal já idoso, após mais de meio século, naturalmente em uma situação completamente diferente, com elementos inesperados e capazes de trazer à tona inúmeros pensamentos e sentimentos, presumivelmente com com a voz da experiência e a mais eloquente da razão. Ou pelo menos da maturidade, se é que razão é compatível com amor. O filme tem belos momentos e, assim como no anterior, muitos deles emoldurados pela belíssima música de Francis Lai, com destaque para Mon amour, para a canção do título e para o tema de Un homme et une femme, que aqui é relembrado em vários momentos, de forma muito especial. Aliás, em várias partes do filme também somos brindados com cenas do filme de 1966, o que certamente provoca uma emoção diferente, porque se trata de uma nostalgia onde aparecem exatamente os mesmos personagens, conforme conviveram há mais de 50 anos. A par das músicas bonitas – e Francis Lai sempre foi especialista em canções de um romantismo intenso -.e do drama em si, o filme tem cenas muito interessantes, como a do emocionante percurso pelas exuberantes ruas de Paris, com o veículo em boa velocidade e desafiando largas avenidas, algumas curvas e até os sinais vermelhos (o espectador se situa dentro do veículo, acompanhando os fatos como se fosse o motorista ou o passageiro da frente – aqui com certa tensão). Os diálogos são também muito bem elaborados, principalmente quando enfatizam os valores que ainda permanecem desde a juventude e com isso o lado filosófico do difícil personagem de Trintignant. Também se destaca a bela participação de Monica Bellucci. 8,5