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UM MILHÃO DE ANOS ANTES DE CRISTO

O título em português corresponde ao original em inglês, embora exista também outro nome pelo qual o filme é conhecido: Mil séculos antes de Cristo. Só que mil séculos corresponderiam a 100.000 anos, o que resulta em erro na conta! Seja como for, esta produção, de 1966, é do estúdio Hammer, que se notabilizou nas décadas de 50 e 60 pelos filmes de fantasia/sobrenaturais, geralmente de “drácula”, “frankestein”, “lobisomem”, “múmia” e assemelhados, mas neste caso resolveu investir em algo um pouco diferente, inclusive se aproveitando do começo de carreira de Raquel Welch para lançá-la como uma das novas musas do cinema, o que conseguiu com absoluto sucesso, porque Welch, ainda mais com a forma física que tinha e o figurino reduzido do filme -fato justificado sob o excelente argumento de que na pré-história era assim!- transformou-se em um dos eternos símbolos sexuais de Hollywood, tendo sido aqui explorada sua beleza exuberante de inúmeros ângulos. E a partir deste filme, ela viu sua carreira decolar, trabalhando em diversas outras produções, como A espiã que veio do céu ( 1967), 100 rifles (1969), Os três mosqueteiros (1973), apesar de que no próprio ano de 1966 participou do grande sucesso de ficção científica, Viagem fantástica. One million years BC obviamente tem que ser colocado dentro do contexto da época, inclusive das condições técnicas existentes, dentro do contexto de que não foi feito como um pastelão e sim como produto de um trabalho esforçado, inclusive de efeitos especiais. Assim, devemos abrandar nossas exigências maiores quanto a cenários, figurinos etc e até reconhecer a existência de diversas cenas bem realizadas, inclusive envolvendo grandes animais (tiranossauro, pterodátilo), além de outras em que foram filmados animais reais e ampliados na tela (como a aranha e a tartaruga, por exemplo). O fato é que há muitos efeitos ruins, mistura de imagens de filmes antigos para retratar uma época inóspita da pré história, com lavas etc, os penteados/as perucas, as roupas, a maquiagem e muitos detalhes são até engraçados ou ridículos às vezes (como uma obturação de dentes que aparece na hora de um grito), sem contar a impossibilidade histórica da convivência de seres humanos com os animais mostrados no filme. Mas o que deve prevalecer aqui é o esforço, a boa vontade, os meios técnicos da época e principalmente o caráter de diversão. Porque é um filme também com certo charme, com muitos detalhes interessantes, muitas situações boas, de ação e suspense e grande destaque para a beleza feminina (não só de Raquel) e para um dos primeiros namoros da idade da pedra (naturalmente com as demonstrações de ciúme, consequentes)!  Abrindo mão da verossimilhança a favor da fantasia, teremos, então, um ótimo entretenimento e desse modo podemos tranquilamente desfrutar do filme, com absoluta leveza e despojamento e devidamente bem acompanhados da pipoca e do guaraná.  8,0