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O ÚLTIMO TIRO (FIRECREEK – RIO DE FOGO em VHS)

Um vilarejo do Velho Oeste, tão pacato que se escuta uma mosca voar, onde a diligência passa uma vez de tempos em tempos, o delegado nem se considera um legítimo xerife (a estrela foi feita pelos filhos, em grafia incorreta) e os cidadãos se reúnem apenas para ouvir o reverendo pregar, de repente se vê às voltas com estranhos com cara de malfeitores, tudo indicando que se trata uma quadrilha liderada pelo personagem de Henry Fonda (cuja fisionomia realmente impressiona, principalmente o olhar, sendo constante alvo de closes). O suposto xerife, desempenhado por James Stewart (já sessentão), é na verdade um fazendeiro, prestes a ter um novo filho e que juntamente com os demais não tem experiência em lidar com a situação, que fica no limite entre a ameaça e a ação violenta, mas que gera cada vez mais medo e apreensão. Esse clima de tensão vai aumentando e dando contornos ao enredo e trazendo diversos fatos perturbadores. Mas quem personifica esse perigo não é o personagem de Henry Fonda, que aliás está com um ferimento de bala: o protótipo do malfeitor é desempenhado e muito bem pelo ator Gary Lockwood, personagem que a qualquer momento pode praticar a violência contra qualquer um, como desde a cena do rio, em que quase investiu contra a jovem interpretada por Brooke Bundy. Além desse tema, existe uma misteriosa relação entre o chefe dos facínoras e a personagem de Inger Stevens e também uma particularidade que estranhamente une o delegado e o chefe do bando: ambos têm problemas para liderar, aquele pelas dificuldades de resolver a situação pelos meios que domina (pacíficos, da argumentação) e este pela gradativa perda de autoridade que vem sentindo. Esses temas valorizam o roteiro, o elenco e tornam este western diferente do usual, embora também haja trocas de tiros e violência, inclusive dentro daquele espírito do velho Oeste, da justiça pelas próprias mãos. Sem contar o prazer de ver esses dois grandes astros atuando.  8,0