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O HOMEM DOS OLHOS FRIOS (THE TIN STAR)

Para alguns, este faroeste em preto e branco de 1957 está entre os clássicos do gênero. Talvez realmente mereça. Porque embora não seja memorável por não trazer nenhuma novidade propriamente, é o exemplo de um filme perfeito e acabado e que “desce redondo”, deixando o espectador plenamente satisfeito, não apresentando exageros nem falhas e causando bons sentimentos ao final, além dos temas destacados no final deste texto. Conta uma história com vários clichês (SPOILER nos parêntesis…homem já descrente na raça humana, mas pistoleiro experiente e caçador de recompensas, chega em uma cidadezinha em que o xerife é inseguro e sem experiência, mas com muita vontade de crescer e fazer a lei, conhecendo também uma viúva com seu adorável filho, com quem faz amizade, como se fosse um pai ou padrinho do garoto), entretanto o faz de um modo muito harmônico e competente, sob a direção equilibrada e enxuta de Anthony Mann (Winchester 73, O pequeno rincão de Deus, Música e lágrimas), trilha sonora de Elmer Berstein (as músicas acompanham e induzem as emoções de cada cena) e ótimo elenco, capitaneado pelo dito pistoleiro interpretado pelo sempre excelente Henry Fonda e por um correto Anthony Perkins. Fonda, já cinquentão, é sempre carismático e sabe tornar o personagem cativante (mesmo em tese sendo alguém de moral questionável) e misterioso. Perkins, um ator limitado (e de quem eu não gosto muito), entretanto aqui faz um papel adequado e o conduz muito bem. Também participam do filme o ator Neville Brand –que foi soldado na segunda guerra e 8 anos depois ficaria conhecido pela série de TV Laredo-, o ator Lee Van Cleef -que alguns anos depois ficaria famoso, principalmente nos filmes de Sérgio Leone e com Clint Eastwood-, o ator John McIntire -aqui o Doutor e com carreira de meia centena de filmes, muitos deles westerns- e o jovem ator Michel Ray, na época com 13 anos -mas já em seu segundo filme! Ums  curiosidade insólita em relação a esse menino é que atualmente ele não é ator, mas é um dos homens mais ricos do Reino Unido. Também integra o elenco a atriz Betsy Palmer, que no futuro seria a mãe de Jason na série Sexta-feira 13. Em suma, o filme proporciona boas emoções e embora reprise (com eficiência) os necessários estereótipos do bom faroeste, também aborda dois temas bem interessantes. O primeiro faz referência à situação dos mestiços, no caso, aos índios e a discriminação e preconceito existente contra eles (o filme inclusive repete de forma contundente a conhecida frase “índio bom é índio morto”) e o segundo aborda a necessidade de andarem de mãos dadas a evolução/civilidade com a legalidade, ou seja, o progresso reprovando cada vez mais a chamada “justiça com as próprias mãos”, tema inclusive tido como nobre em alguns filmes do mesmo gênero.  8,8