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O RETRATO DE JENNIE

Quanto mais o espectador for romântico e/ou sonhador e se deixar levar pela fantasia, mais gostará deste filme de 1948 e se emocionará com ele, que desde a apresentação já deixa claro que sua temática desafia a realidade e contempla o irreal, o imaginário, o inexplicável.  É um filme que navega pelos mistérios do tempo e do espaço e seu clima é todo meio sobrenatural, fato que fica absolutamente claro pela trilha sonora e pela bela fotografia. Mas a história é bem contada e tudo é apresentado de uma forma lírica e bem desenvolvida, criando-se inclusive algo extraordinário em torno de uma pintura (o ator principal é pintor, sendo interpretado por Joseph Cotten de Cidadão Kane, Soberba, A sombra de uma dúvida, O terceiro homem e Duelo ao sol, entre outros). A protagonista é a bela e talentosa Jennifer Jones, que trabalhou junto com Cotten em Duelo ao sol, bem como tempos depois deste filme em Suplício de uma saudade; em 1944 havia ganho o Oscar de melhor atriz por A canção de Bernadette. A fotografia do filme é uma magia à parte, complementando o panorama onírico enfatizado pela trilha sonora. O filme teve também a participação da grande atriz de teatro e cinema Ethel Barrymore e uma ponta da grande estrela dos filmes do cinema mudo Lilian Gish (fazendo o papel de uma Madre do convento). O diretor foi William Dieterle, famoso por dirigir várias biografias e co-dirigir Duelo ao sol, com os mesmos Cotten e Jones. Concorreu a dois Oscars em 1949: Melhor fotografia e Melhores efeitos especiais, ganhando este último, justificado pela parte final do filme, quando todo o clima de etérea calmaria e serena resignação dá lugar a fatos tempestuosos (em todos os sentidos), fechando-se em seguida o enredo com a mesma poesia metafísica que o regeu desde o princípio.  8,4