JEZEBEL

Esta produção de 1938 concorreu no Oscar 1939 a Melhor filme, Melhor trilha sonora, Melhor fotografia, mas ganhou nas categorias de Melhor atriz (Bette Davis) e Melhor atriz coadjuvante (Fay Bainter). Bette Davis realmente está maravilhosa, principalmente na parte final do filme, que é a que concentra os melhores e mais emocionantes momentos da história. Um drama feito um ano antes de E o vento levou e que tem alguns elementos que lembram este filme, como a circunstância de os fatos se passarem em Nova Orleans e sobretudo em época que respira a guerra civil americana. Aqui, porém, o enredo se desenrola bem antes da guerra, embora já existisse uma clara animosidade entre o norte e o sul, que o filme deixa evidente. Mas o aspecto que acaba sendo o mais decisivo e impactante não é a guerra da secessão e sim outro (sem spoiler !), que acaba definindo o destino da trama e dos personagens. Este foi um dos primeiros filmes desse grande diretor de cinema chamado William Wyler, que ficou ainda mais famoso pelas produções dos anos seguintes, como O morro dos ventos uivantes, Rosa da esperança, Os melhores anos de nossas vidas, A princesa e o plebeu e Ben Hur. Todo o elenco está ótimo, mas Henry Fonda, ainda bem jovem, destaca-se especialmente, compondo a dupla central de protagonistas. O filme tem o mérito de nos levar de volta a uma época, reconstituindo com maestria costumes, figurinos e principalmente os dramas sociais (a cultura escravagista povoa grande parte das cenas). O filme tem cenas absolutamente marcantes e maravilhosas, como a cena do baile (magistralmente filmadas) e as cenas finais, mérito também do estilo do diretor, que sabia muito bem como contar uma história, dentro de um contexto de perfeita sincronia entre todos os seus elementos, técnicos e humanos. Este é um filme dramático, histórico e bastante tocante, que rendeu merecidamente a Bette Davis um dos dois Oscar que ganhou em sua carreira repleta de prêmios. Tem uma ou outra cena questionável, mas na realidade o que faz é mostrar como se sentiam os sulistas dos EUA, com sua suposta superioridade sobre o norte e suas celebrações (bailes suntuosos), rituais e tradições (como a de as moças solteiras vestirem branco nas festas).  8,8