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ROSA E MOMO (LA VITA DAVANTI A SÉ/THE LIFE AHEAD)

Nesta produção Netflix, a premiada atriz italiana Sophia Loren é dirigida pelo seu filho Edoardo Ponti (suiço, 47 anos) e corajosamente se despoja de toda e qualquer vaidade, para aos 86 anos interpretar uma velha e peculiar senhora,  em um papel na verdade maravilhoso, neste filme sensível mas nada piegas, que aquece os corações e enaltece belos valores humanos, como a amizade, a generosidade e o amor, que acabam surgindo, afinal, como a única solução para que ganhem voz criaturas invisíveis que povoam a sociedade, embora muitas delas marginalizadas e carentes. Ela, Sophia, é Rosa, uma mulher idosa e sofrida, que já foi prostituta, que já viveu o holocausto e que já aprendeu a agasalhar pessoas. O título do filme significa mais ou menos o mesmo, seja em inglês, seja em italiano, como “a vida pela frente”, ou “a vida que está diante de nós”, mas título brasileiro, “Rosa e Momo”, faz referência aos dois protagonistas, ela interpretada por Sophia e ele pelo extraordinário e tocante ator mirim Ibrahima Gueye. Mas além deles, o restante do elenco também é ótimo. O filme emociona em vários momentos, tratando de uma realidade difícil e incômoda, inclusive sobre o tema da infância e da juventude exploradas, em um mundo de drogas e de desproteção. Fala também da finitude e sua trilha sonora nos conduz em vários momentos sensíveis, enaltecendo o fato de que uma pessoa boa e generosa pode mudar o destino da outra. A música, que traz um momento especial e muito alegre do filme (“Malandro”, cantada por Elza Soares e que absurdamente não consta dos créditos), também o finaliza, inclusive na voz de Laura Pausini (“Io sì”), deixando a mensagem de que a única solução -e ao mesmo tempo a esperança- para os invisíveis da sociedade é, pelas virtudes de alguém, serem  de repente verdadeiramente vistos.  8,7