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A BIGGER SPLASH

bigger_splashUm filme inusitado. E só por isso bem vindo. Drama cru e ousado (despudorado até) – a câmera é muitas vezes propositadamente maliciosa…- e que no final incorpora outro gênero (e que se contar, pode estragar). Muitas vezes meio contemplativo, lento, mas não achei, como alguns críticos, que poderia ser editado para ter menor duração: o que considerei uma pena, foi ter aparecido, mais para o fim, um personagem italiano caricato/fanfarrão/canastrão. Que provocou uma certa “quebra” no filme, embora não o suficiente para tirar sua beleza e mérito. Que, aliás, residem tanto no roteiro e na direção de Luca Guadagnino, quanto, principalmente, no talento de uma dupla: Tilda Swinton, esplêndida atriz, afeita a papéis difíceis e/ou exóticos e que está maravilhosa no papel de uma estrela do rock com problemas vocais…e Ralph Fiennes, que nos últimos tempos vem aceitando desafios em vários papéis difíceis, mas que desta vez se superou: está simplesmente soberbo, irreconhecível até! É a força motriz do filme e seu personagem é quem repentinamente rompe a situação de aparente tranquilidade e cria o drama – a cena em que põe os Rolling Stones na vitrola e dança é surpreendente, deliciosa, imperdível. Um filme sensual e misterioso, imoral até (o que geralmente pode acompanhar a liberdade total e o ambiente que favorece, do cenário paradisíaco, na Itália), mas que vai, com muita competência, construindo uma tensão crescente, baseada nas verdades e nos paradoxos dos próprios personagens (e seu passado), deixando o espectador/expectador ao sabor do suspense e refém dos acontecimentos, que podem migrar para qualquer direção que se imagine. Com a presença marcante (fisicamente) de Matthias Schoernaerts e Dakota Johnson – dupla que, talvez mais pela aparência, vem se destacando no cinema atual -, algo diferente e que merece ser visto, embora seja prato para paladares especiais.  8,8