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A PIOR PESSOA DO MUNDO

Este é um filme norueguês dirigido por Joachim Triers e estrelado por Renate Reinsve, ambos noruegueses, tendo ela ganho, por este filme, o prêmio de Melhor atriz no último festival de Cannes. É um drama, com tons de comédia, mas bem original na forma de contar a história, parecendo até aqueles filmes franceses criativos. Dividido em prólogo, doze capítulos e epílogo, o filme narra a vida intensa da personagem interpretada por Renate, que experimenta mudanças a cada vez que sente necessidade, sem nunca pensar ou agir pela cabeça de ninguém ou pelos padrões estabelecidos. É uma personagem original e totalmente imprevisível, por isso bastante interessante e realmente muito bem construída. Dentro da rotina social, embora seu comportamento não possa ser tido como anormal, pode ser até visto como excêntrico e esse é um fato que merece a devida reflexão. Fugir dos padrões para ser feliz às vezes torna frágil e difícil a felicidade e acaba não se sabendo exatamente qual o rumo a seguir, não sendo tarefa fácil buscar as respostas. Como já disse alguém: “buscar o verdadeiro eu”. Limites, coragem, angústias, relacionamentos…Tudo é posto e conduzido com muita sensibilidade e de forma claramente inteligente e sistemática, tendo o roteiro consistente a companhia serena da direção, edição, trilha discreta mas boa e desempenho ótimo de todo o elenco, muitas vezes parecendo estarmos diante de pessoas reais e não de personagens. Um filme dinâmico e que em seu final nos brinda com a magnífica“Águas de março” (de Tom Jobim) na voz de Art Garfunkel e exibe como último momento uma cena tão irônica quanto cruel talvez, e que deixa reticências poderosas no lugar de quem sabe o desate que se esperava. Final forte e sem dúvida coerente com a bem acabada obra. 8,7