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VIVA, A VIDA É UMA FESTA (COCO)

Apesar do carimbo de qualidade Pixar/Disney (o que já pressupõe desenho de alta qualidade, som, músicas, cores maravilhosas etc.), esta é uma animação que surpreende por enfrentar com leveza e sensibilidade um tema polêmico e geralmente árido – em suas diversas facetas, inclusive a do “esquecimento”… -, podendo ser definida como “uma grande festa do Dia dos Mortos”. O “Dia de los muertos” é uma celebração ancestral mexicana, de origem indígena, que ocorre todo ano entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro e que já foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade. A peculiaridade dessa comemoração é que, ao contrário do que acontece na grande parte dos países, no México é celebrada com grande alegria a visita dos mortos aos parentes (diz a lenda), tendo os festejos muita comida, cores, música, danças, fantasias (de caveiras principalmente), oferendas, onde é comum o uso da flor laranja Aztec Marigold, que aparece no filme com destaque. Esta animação se debruça sobre essa festa e aprofunda o tema ao criar uma história extremamente rica, envolvendo o afeto familiar, a música e um grande mistério do passado a ser desvendado. No começo, há uma certa estranheza mas que ocorre pelas próprias e singulares características do evento, cuja alegria contrasta com a maneira como a morte é tratada em grande parte do mundo. Entretanto, à medida em que o espectador se acostuma com os usos e costumes e compreende a história e seu fio condutor , o resto é só deleite, pela criatividade/inteligência, beleza, sons, cores e alegria que tomam totalmente conta da tela e de nosso espírito, invadido por todo o manancial de talento dos Estúdios Pixar (que se localizam na Califórnia e pertencem ao grupo Disney) e que aqui trata de modo primoroso, porém com isenção e muito respeito, das questões espirituais e culturais do povo mexicano, embora não deixe de fora o indispensável bom humor (como, por exemplo, as piadas envolvendo Frida Kahlo – a famosa pintora mexicana). Papai Disney aplaudiria de pé.  9,5