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THEM THAT FOLLOW

Este é um filme incômodo, embora tenha alguma previsibilidade em seu roteiro. A começar pelo ambiente físico e patriarcal e pelos personagens abordados. Trata-se de pessoas singulares, que vivem em uma comunidade religiosa rural no meio do mato nos EUA e que ritualizam sua fé, dentro da qual o símbolo da serpente se torna mais eloquente com a própria presença do ofídio nas celebrações de iniciação e de provação da fé -e que aqui não se dê crédito ao fato de uma cobra não venenosa estar-se se querendo passar, não sem o devido vexame, pela venenosa cascavel, inclusive com o som do silvo e do chocalho! O Pastor é quem comanda os ritos e a conduta da população e o roteiro começa a perturbar, mas também a se firmar, quando um determinado segredo é revelado. A partir do qual, a interpretação dos fatos dependerá do que cada um acredita: conforme for, pode-se achar que a culpa é do pecado; ou, então, da ignorância. Mas mesmo que assim seja, não parece defensável, diante de uma gravidade médica, a recusa da ajuda da medicina em nome da fé! E o fortíssimo engessamento dos costumes é ainda mais chocante, quando se sabe que os fatos tratados no filme não são mera fantasia e sim realidade em muitos pontos do planeta atual. Um filme que não é para se adorar, mas com boas intenções e que pode ser apreciado, inclusive pela intensidade do elenco, que traz a excelente Olívia Colman (que venceu o último Oscar de Melhor atriz com A favorita) e outras ótimas interpretações, como a de Alice Englert e Walton Goggins.  7,6