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HER

her-spike-jonze-posterAlgo que seria surreal há alguns anos, agora parece quase possível no mundo da inteligência artificial. Mesmo assim, o tema deste filme no início soa bizarro, pura ficção científica…Aonde a tecnologia vai nos levar e que efeitos provocará nas relações interpessoais? Mas passada a estranheza inicial, o filme se torna maravilhoso. Quem continuar estranhando, vai achar até enfadonho, inverossímil, sem sentido etc. Mas quem o apreciar, vai se emocionar com seu texto, sua poesia, sua beleza, seu lirismo. O que é o amor? Qual sua essência? De onde deriva? Qual é o verdadeiro amor, o físico ou o imaterial? Um subsiste sem o outro? O que é solidão? É ampla a liberdade de amar? Qual a natureza dos sentimentos? Particularmente, senti falta do nome do Joaquin Phoenix nos indicados ao Oscar: o trabalho dele aqui é magnífico, muito melhor, por exemplo, do que o ator de “12 years a slave”. E para mim Joaquin continua sendo um grande injustiçado de Hollywood, porque no ano passado arrasou com “O mestre” e não ganhou (um papel muito mais difícil do que o do Lincoln). Mas questões interessantíssimas são abordadas neste filme com roteiro tão diferente e firme direção, ambos de Spike Jonze (Quero ser John Malkovich)…Pode-se amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? O ser humano necessita de exclusividade? O que fica de um amor? Quando o filme passa a discutir essas questões, então, torna-se simplesmente fascinante, principalmente pelo ineditismo de quem está interagindo. E em sua parte final, contempla o mistério e o futuro…No fundo é uma história de amor, de despedidas, da alegria e da dor da paixão, mostrando que o amor verdadeiro está em dimensão diferente do mundo físico. E nesse contexto é verdadeiramente impressionante o que o filme nos faz sentir, considerando quem são os que compartilham o amor, aí residindo seu grande e original mérito. Não é à toa que ganhou os prêmios de Melhor Roteiro no Globo de Ouro e também no Critics Choice Awards,o prêmio de Melhor Filme (junto com Gravidade) pela Associação dos Críticos de Los Angeles e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Roteiro Original e Melhor Trilha Sonora. Amy Adams também está no filme (muito bem, claro), onde o que emociona mais é a voz de Scarlett Johansson como Samantha.  9,0