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MOMENTO DE DECISÃO (THE TURNING POINT)

Este filme foi colocado propositadamente após a resenha de “Noivo neurótico, noiva nervosa”, também de 1977. Porque “Noivo…” foi merecedor de vários Oscars, inclusive de Melhor filme, enquanto este filme, indicado a 11 estatuetas, não ganhou simplesmente nenhuma! Um verdadeiro absurdo, considerando a qualidade do filme, da direção de Herbert Ross (A garota do adeus, Goodbye Mr. Chips…), também coreógrafo, e principalmente das magníficas interpretações de Shirley MacLaine (O terceiro tiro de Hitchcock com 21 anos, depois Se meu apartamento falasse, Irma la douce, Charity meu amor..sete anos depois Oscar por Laços de ternura) e Anne Bancroff (com quase meia centena de filmes, a inesquecível Mrs. Robinson em A primeira noite de um homem), sendo difícil dizer quem foi a melhor. Na verdade, ambas foram indicadas ao Oscar de Melhor atriz, perdendo para Diane Keaton. Também justo destacar a interpretação da jovem Leslie Browne (20 anos), que já era bailarina (conforme se vê claramente no filme), mas 9 anos depois viria a ser simplesmente a Primeira Bailarina do American Ballet Theatre de Nova Iorque, que tem participação no filme. De todo modo, no Globo de Ouro, o filme venceu nas categorias de Filme e Direção. O título em português preserva o significado do original e a história diz respeito a duas amigas que quando jovens dançavam juntas, mas que seguiram diferentes destinos na vida: uma delas continuando a carreira (embora também tenha que enfrentar o seu momento de parar…) e a outra abraçando a maternidade e a vida familiar. Essa decisão e suas consequências (e fatos represados) vão render belos momentos no filme, que tem variados conceitos, de críticos e espectadores, havendo quem o tenha achado regular ou até ruim e a maioria, que o julgou bom ou ótimo. Eu estou entre esses últimos, considerando este um belíssimo e tocante filme, que inclusive nos brinda com trechos de vários balés, excepcionalmente bem dirigidos e que chegam com muita força à tela, causando, com a moldura das belas e intensas melodias, inesquecíveis momentos de emoção. Aliás, o filme já começa emocionante em razão da segura direção e da interpretação de MacLaine e Bancroff (coadjuvadas por um sempre muito bom Tom Skerrit) e termina de modo avassalador, nos dando cenas finais maravilhosas, nas quais é permitido inclusive rir e chorar ao mesmo tempo, com as duas atrizes dando um show de performance (inclusive imitado em telenovela). Também merecem destaque no filme as cenas envolvendo o aqui ator Mikhail Baryshnikov (nascido na |Letônia, então pertencente à URSS e fazendo o papel de Yuri), considerado por muitos como o maior bailarino do século XX (e de todos os tempos, citado ao lado de Nureyev e Nijinski): além de mostrar toda a sua exuberante técnica (em belíssimos e vigorosos números), Mikha participa de uma sequência de cenas magistrais, que iniciam nos ensaios que tem com Emília (Browne) e terminam na conversa dela com a mãe (Deedee/MacCaine). Em geral, a combinação das coreografias de dança com as músicas propiciam momentos realmente muito especiais. Há também cenas engraçadas (embora com contornos de tragédia…), como a de Emília “chapada”, outras que mostram a difícil vida dos bailarinos (os exaustivos e perfeccionistas ensaios, o massacre dos pés etc) e no final vários trechos de obras consagradas (como “A bela adormecida”, “Giselle”…), inclusive com a presença de ilustres convidados, como Márcia Haydée e Fernando Bujones. Quem gosta de dramas envoltos na música e na dança certamente vai apreciar e se emocionar. 9,0