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A MULA

Os filmes de Clint Eastwood (um dos meus diretores prediletos) são muito equilibrados em todos os seus elementos. Depois que chegou a determinada fase da carreira e resolveu ser diretor, o eterno cowboy de alguns clássicos do western (Por um punhado de dólares, Cavaleiro Solitário, Os imperdoáveis…) demonstrou inegável competência na nova função, dirigindo, entre muitos outros, As pontes de Madison, Gran Torino, Menina de Ouro, Sniper americano, Cartas de Iwo Jima, Além da vida, The Jersey boys. E sempre com qualidade, com a dosagem certa de drama, suspense, lirismo, emoção, acompanhados de ótima trilha, edição, fotografia etc. Aqui a história não é sofisticada, mas simples, baseada em nota de jornal (situação inusitada envolvendo os atravessadores de drogas – geralmente para os cartéis -, o que justifica o título) e repetindo situações já vistas em outros filmes. Os diferenciais, porém, são dois: primeiro a maneira diferenciada de ser contada a história (a precisão, as nuances certas…), impregnada pelo talento e pela sensibilidade do diretor; e segundo, pela presença do próprio Clint, uma figura carismática e que ainda mantém intocável, apesar da idade (que ele assume no papel que faz), o velho charme que sempre o caracterizou como o sujeito durão, mas de caráter e bom coração (no caso, com doses reforçadas de remorsos…), o que torna o filme realmente especial. Ainda com a participação de Bradley Cooper, Laurence Fishburne, Dianne Wiest, Andy Garcia e Alison Eastwood (filha do cineasta no filme e na vida real), entre outros, este drama em tons de comédia diverte e emociona sem cair na vulgaridade ou no excesso.  8,8