AS CURVAS DA VIDA (TROUBLE WITH CURVE)

Sobre o cinema americano…existem duas espécies de filmes drama leve, estilo comédia, feitos pelo cinema dos EUA. O primeiro é aquele que você vê e se sente manipulado, chamo de chantagem sentimental: os recursos cênicos são usados para provocar emoção fácil no espectador, sem maiores objetivos de profundidade…por exemplo, pôr do sol em uma fazenda, com música de orquestra no fundo e a cena, em sombra, de uma criança chorando ao lado de seu cavalo de estimação que está prestes a ser sacrificado…Cito essa cena para me lembrar que o último filme do Spielberg para mim se enquadra nessa categoria: imagens, música e roteiro a serviço da emoção barata. Mas existe o segundo tipo, que, embora seja absolutamente previsível, contém profundidade e as qualidades além de sobrepujarem os defeitos, demonstram claramente que a intenção de contar uma boa história está bem acima de outros interesses e objetivos. É o caso deste filme de 2012. Sabemos mais ou menos o que vai acontecer, mas a história e a maneira como é contada, as atuações do sempre carismático Clint Eastwood, coadjuvado pelo ótimo e talvez subestimado John Goodman e por uma das mais versáteis e cativantes – e com sobras de talento e potencial dramático – atrizes da atualidade, Amy Adams, fazem com que o filme termine e nos sintamos felizes, pela emoção que sentimos e pela história e os exemplos que absorvemos. Um filme delicado na direção, sem grandes pretensões, mas extremamente agradável e edificante.  8,3