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UM BELO VERÃO (LA BELLE SAISON/SUMMERTIME)

Este filme francês de 2015 não poderia se referir aos tempos atuais, porque perderia o sentido. O mundo está em uma fase libertária, de reafirmação das escolhas em todas as áreas do relacionamento humano e da afetividade, sendo hoje fato trivial e absolutamente comum o homossexualismo que a história retrata, como tão pecaminoso para os anos 70. Onde se, na capital Paris, efervesciam movimentos de liberdade e revolucionários, pregando a liberdade da mulher e a  igualdade dos sexos, no interior o tradicionalismo ainda imperava e a esse conservadorismo repugnava tudo o que era novo, ainda mais em assuntos ofensivos à família (leia-se “sexo”). O dever dos filhos era manter vivos os negócios dos pais e a sociedade observava com rigor o cumprimento da ordem natural das coisas: os moços casarem com as moças, frequentarem a Igreja, terem filhos e assim caminhava a humanidade. Este filme franco-belga escrito e dirigido com muita competência e sensibilidade por Catherine Corsini explora o intenso embate e contraste entre duas forças poderosas: a tradição e a família e o amor proibido/em pecado. Como romper tais amarras? Seria possível fugir sem culpa do tema vinculante “meu lugar é aqui”? Um drama que discute com rara beleza e sobriedade o dilema da opressão e da escolha e com isso conta com elementos primordiais, que são as duas protagonistas, Cécile De France (consagrada atriz francesa) e Izïa Higelin, com o apoio forte de Noémie Lvovsky, no papel materno. Não é um filme erótico apesar de cenas de nudez e algumas mais sensíveis e sim um drama que discute a liberdade de escolha, a liberdade feminina e a libertação de costumes seculares. No fim das contas, é um filme de amor e que mostra que esse sentimento superlativo, indefinível, insuperável e universal independe de idade, de época e se manifesta de forma indomável, com aroma de infinitude e causa tanto grandes prazeres, quanto formidáveis dores. No final, o filme apresenta uma bela reticência.Produção que participou do Festival Varilux de 2016. 8,6