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TERRÍVEL SUSPEITA (THE HOUSE ON TELEGRAPH HILL)

Conforme geralmente acontece em 99,99% das vezes, o título original é o mais adequado ao filme e o traduzido para o português um exagero emocional para atrair público. Isso aqui também acontece, embora dessa vez o tradutor tenha em parte acertado, porque um dos grandes trunfos deste filme é manter durante quase todo o tempo uma expressiva “tensão pela suspeita”. Os comportamentos dúbios de dois personagens notadamente, emolduradas as cenas pela intensa trilha sonora, deixam o público realmente em dúvida sobre as reais intenções de alguns personagens e sobre o limite do que é realidade e do que é meramente imaginação. Nesse sentido, este filme de 1951 muito bem produzido, com ótima fotografia inclusive, além de muito bem dirigido e interpretado, se assemelha a algumas das boas obras de Alfred Hitchcock, que tinha essa “magia” em seu suspense. A história aqui inicia na Polônia na época da segunda guerra e “viaja” até a São Francisco da década de 50, apresentando além de tudo uma farsa, que a qualquer momento pode ser desmantelada. Ficamos o tempo todo em suspense e na dúvida e além do mérito do diretor Robert Wise (que no mesmo ano dirigiria O dia em que a Terra parou e anos mais tarde Amor sublime amor e A noviça rebelde, três obras indiscutíveis), o elenco também contribui para esse clima de incerteza e intenso mistério: Richard Basehart (que 13 anos depois faria o Almirante Nelson na famosa série de TV Viagem ao fundo do mar), a italiana Valentina Cortese, Fay Baker e o William Lundigan, ator que fez mais de 100 filmes no cinema norte-americano e que formam um interessante e expressivo quarteto. Muito boa diversão, com cheiro de filme grandioso. 8,8