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O SIGNO DO LEÃO (LE SIGNE DU LION)

Este filme em preto e branco pertence ao Nouvelle Vague, tendo sido produzido por Claude Chabrol e dirigido por Eric Rohmer, também francês (participa dele Jean-Luc Godard). Foi filmado em 1959 e lançado em 1962. O protagonista é o ator Jess Hahn, um músico que aparentemente está prestes a ficar rico com uma herança inesperada. Já de início testemunhamos a grande vilã do filme e que nos acompanhará, infelizmente, da primeira à última cena: a trilha sonora. Se é que se pode chamar assim essa “tortura chinesa”. Não é difícil imaginar o tormento que representa uma trilha sonora sem uma melodia definida, sem uma sequência harmônica e lógica, mas composta, sim, por sons desvinculados em sequência, como se fosse um ensaio de aluno principiante de violino. Podemos chamar isso de trilha abstrata, psicodélica, mas no curso do filme acaba virando um teste para os nervos e para a sanidade. Aliás, muitos movimentos de cinema utilizaram esse estilo de fundo musical psicótico, talvez para combinar com a mente de seu idealizador. A verdade é que isso faz parte de certos momentos do cinema libertador, que buscava uma linguagem nova, quebrar paradigmas, romper o padrão e a estranheza era uma das formas de se atingir esse objetivo. Mas, deve-se dizer, aqui a trilha até combina com a história, pois ela não tem um bom desenvolvimento, o personagem é despido de empatia, nada interessante acontece praticamente durante o filme todo e quase todas as cenas são vazias e sem qualquer atração. A única virtude do filme é explorar uma Paris de uma forma a que não estamos acostumados, mostrando a cidade em seus aspectos de sujeira, pobreza, mendicância, o seu lado negro, pode-se dizer assim. Nesse aspecto, o filme de roteiro bobinho se mostra até interessante, na medida em que explora a situação do personagem de uma forma detida, minuciosa, exaustiva, concentrando-se em cada etapa da vida de quem nada tem – ou melhor, não está acostumado a ser pobre – e deve sobreviver na cidade grande, em meio a um mundo de miséria. Vemos passo a passo essa transformação, que é aqui mostrada de um modo pouco visto no cinema pela exploração dos detalhes. Fora isso e no geral, um filme “estilo de arte” e digerível apenas por aqueles que gostam de “filmes cabeça”. 7,5