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LUGAR NENHUM NA ÁFRICA

Este filme alemão, com aroma de épico, ganhou o Oscar de Melhor filme estrangeiro no ano de 2003. E merecidamente. É uma história maravilhosamente bem contada, baseada na autobiografia da jornalista Stefanie Zweig (que passou a morar na África quando criança) e que mistura com inteligência, delicadeza e emoção diversos ingredientes abordando a natureza humana e sua capacidade de refletir, de adaptação, de superação, de imaginação, sua bravura e tenacidade. Na iminência da Segunda Guerra Mundial e já com a ameaça real do nazismo (1938), uma família alemã se muda para o Quênia, região onde todo o filme acontece. E ali, essas pessoas acostumadas a uma vida aristocrática e sem carências, são obrigadas a se integrar e a se adaptar aos costumes, à natureza, enfim a todos os elementos de transição e também aos conflitos que o novo mundo vai trazer. Alguns terão maior dificuldade. Outros, como a menina Regina (a atriz Lea Kurka), vão se integrar de forma fácil e feliz e nesse ponto aparece um dos principais e mais interessantes personagens do filme, que é o cozinheiro Owuor. As paisagens fascinantes da África (emolduradas na bela fotografia), o clima, as imagens, cores, diferenças de hábitos, a viagem interior dos personagens, tudo é muito bem cuidado e conduzido pela diretora Caroline Link e pela atuação do elenco, sendo belíssima e comovente também a trilha sonora. Um filme praticamente perfeito, que não cai em clichês e que, sem maiores pretensões mas com muita competência, traz paz, beleza e profunda emoção. 9,5