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MEU PAI

Embora não seja um filme que banalize sentimentos e chantageie sentimentalmente o espectador, seu tema é doloroso, principalmente para quem tem ou já teve na família casos semelhantes de demência (doenças da memória ou do esquecimento, como o Mal de Alzheimer). E o roteiro de fato não tem como não ser dramático, porque acompanha a realidade de uma pessoa que pouco a pouco vai perdendo o contato com a realidade que sempre conheceu e que sempre foi tida como normal pela sua família. Mas embora triste, o filme retrata com fortes cores exatamente o que é real e de uma forma bastante sensível e competente: a direção é realmente ótima de Florian Zeller (O que eu fiz para merecer isso?), que tem o mérito de em muitas cenas mostrar os acontecimentos sob a ótica do doente, ou seja, o espectador vê o que o personagem está vendo e não o que está efetivamente acontecendo. Também grande mérito da direção é a condução das cenas que se passam – praticamente todas – em ambiente interno. Mas aqui, o grande trunfo do filme e o enorme prazer da plateia é efetivamente desfrutar da interpretação de Sir Anthony Hopkins, que novamente dá um “baile” de performance. Desta vez muito bem acompanhado pela fabulosa Olívia Colman (atriz de sucessivas indicações a vários prêmios, ao longo dos últimos anos), estando ambos obviamente indicados ao Oscar, ela de coadjuvante. Também atua no filme a ótima Olívia Williams. Além das duas indicações citadas, o filme também concorre nas categorias de Melhor filme, montagem, roteiro adaptado e direção de arte. Uma produção anglo-francesa, muito bem cuidada e com um refinamento especial nos colocar diante de algo que já conhecemos ou que teremos que, cedo ou tarde, enfrentar. 8,6