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LUCE

Um drama adulto e perturbador, muito comentado no Sundance Festival 2019, com um roteiro extremamente bem costurado (adaptado), elenco e direção perfeitos (Julius Onah, nigeriano-americano) e uma trilha sonora sutil mas ao mesmo tempo tensa e que, depois da última e impactante/reveladora cena, fecha com uma música que traduz exatamente o tom do filme e como o espectador se sente ao final. Contar detalhes será estragar a trama e o suspense bem conduzidos, em torno de fatos que algum tempo ficam em estado meio que latente, pois quem assiste acumula dúvidas sobre onde exatamente está a verdade. Algumas surpresas ocorrerão, inclusive quanto a atitudes dos personagens, aparecendo então – de forma desafiadora aos padrões éticos- alguns conceitos de família. As evidências, porém, conduzirão à conclusão, embora alguns pontos de interrogação ainda possam permanecer. Todos os ingredientes se somam, afinal, para compor um filme de grande qualidade e que tem em mira muito mais do que mostra, pois o universo enfocado serve apenas de veículo para uma mensagem de muito maior amplitude e complexidade. O elenco é absolutamente coeso e de primeira linha: Naomi Watts, Octavia Spencer, Tim Roth e Kelvin Harrison Jr. (entre outros). Uma obra que foge totalmente do convencional e que, acima de tudo, escancara as cores de seu tema com extrema competência e ousadia, como pertencentes a um sistema forjado (aqui também significando dissimulado), do qual naturalmente emergem suas gravíssimas consequências sociais. A percepção das coisas se dá de forma gradual, porém contundente e não há como não se chocar com a atitude da polícia na parte final do filme, em uma cena que deixa definitivamente exposta a denúncia até então aparentemente represada. Seja como for, um filme de grande impacto e que provoca muitas reflexões, inclusive para sua perfeita compreensão e alcance, nesse passo sendo coerente a “chamada”, embora clichê, do cartaz do filme e que anuncia que a verdade tem muitas faces9,0