JUDE

Com o cartaz do filme e o título traduzido, é muito difícil escapar do “spoiler”. No Brasil, este filme de 1996 passou com o título de “Paixão proibida”. Como dizem, “é pra cabá”. Sem comentários. Mas, superadas tais “antecipações do enredo”, é um drama britânico com romance, que conta uma história de época (final dos anos 1800), a qual aborda os costumes incluindo os preconceitos existentes: casamentos de conveniência, visão social dos relacionamentos sem “papel passado”, o comportamento das elites etc. O filme transcorre até mais de sua metade com uma história envolvente, mas não propriamente original, embalada pela boa reconstituição da época e pelo ótimo elenco, capitaneado pelos excelentes Christopher Eccleston e Kate Winslet (ela é maravilhosa sempre) – atuam também Liam Cunningham e Rachel Griffiths. Contudo, a partir de certo momento, o roteiro muda de enfoque e inclusive subitamente cresce, tornando-se mais sensível e mais ácido no aspecto social. Principalmente mostrando as dificuldades de sobrevivência daquela época e a decisiva influência da religião dirigindo a vida das pessoas, criando medo, opressão, a vinculação entre atos (pecado) e punição…a religião que salva, mas que também aprisiona. Essa parte final do filme tem um sentido diferente, mas não contradiz o que antes passou, apenas complementando: é na verdade um amadurecimento e um aprofundamento dos próprios fatos da vida, à medida em que os personagens também crescem e aprendem que nem tudo são intenções e alegrias. Nesse ponto, vê-se que o ser humano apesar de poder agir inocentemente ainda permanece com responsabilidades –das quais podem decorrer sintomas graves- e o espectador certamente poderá absorver do contexto algum exemplo válido, mas deve estar preparado também para a tragédia e para uma cena memorável, porém pelo choque que provoca. Baseado em obra literária, um filme bem realizado e que acaba deixando sua marca, por um motivo ou outro. 8,8