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EU SOU O AMOR/UM SONHO DE AMOR (IO SONO L´AMORE)

Eu sou o amorLido no papel, o roteiro deste filme não tem absolutamente nada demais. Aliás, já o presenciamos em dezenas de outra obras, incluindo novelas e também na literatura. É a “forma”, portanto, que o torna interessante. A direção (Luca Guadagnino), as interpretações – principalmente da ótima Tilda Swinton -, a produção como um todo (bela fotografia etc.), é que lhe dão caráter e nobreza, lembrando em alguns momentos os filmes de Visconti. Sem pressa alguma – o que talvez faça com que o filme não seja indicado para grande parte das pessoas -, o diretor nos apresenta a vida sofisticada de uma família tradicional italiana (de Milão), aquela da vida ordenada, de deveres estabelecidos, dos vários serviçais e do forte papel feminino dentro do contexto, da mansão repleta de cômodos, da mesa de vários talheres, onde em volta do nono, sentado à cabeceira, gravitam filhos, noras, netos…E a partir de um fato inesperado (belo e insólito, como é às vezes o nascimento da paixão), vemos começar a se revolucionar aquele mar de aparente normalidade familiar, estabelecendo-se o grave contraste entre a simplicidade do amor e da paixão com o do requinte daquela vida, que soa pela primeira vez como sufocante e com isso parece despertar um desejo crescente de libertação. Um filme interessante, portanto – apesar do título ridículo -, produzido na Itália em 2009 e que pode ser sintetizado na frase: “como transformar um roteiro apenas medíocre em uma obra de qualidade”.  8,0