O AUTO DA COMPADECIDA
A peça foi escrita pelo genial e irreverente Ariano Suassuna em 1955. Este filme é do ano 2000, dirigido por Guel Arraes (Lisbela e o prisioneiro, O bem amado, Caramuru, O cinema falado), que faz o que pode para adaptar a abrangente e extraordinária obra, tão repleta de criatividade, regionalismo, picardia e extravagâncias. E conta com um elenco simplesmente extraordinário: Matheus Nachtergaele (João Grilo, impagável), Selton Mello (Chicó, o mais covarde dos homens), Denise Fraga (a excelente mulher do padeiro), Marco Nanini, Lima Duarte, Rogério Cardoso, Diogo Vilela, Paulo Goulart e Fernanda Montenegro (a diva de sempre), entre outros. Todos excelentes e se sai muito bem o diretor e co-roteirista em sua árdua missão, pois consegue transmitir o jeito de ser do sertanejo, apresentar um painel do nordeste, com sua cultura, superstições e carências, ao mesmo tempo em que apresenta as críticas sociais de diversas ordens (inclusive à Igreja). Obviamente não é fácil adaptar uma obra tão vasta em conteúdo, de modo que ao filme falta em alguns momentos e devida harmonia, assumindo um ritmo de minissérie, mas são apenas detalhes quase imperceptíveis dentro de um conjunto de alta qualidade e, portanto, bastante satisfatório, que tanto emociona, como faz rir a todo momento, com a própria irreverência da história e as características dos personagens que vão desfilando diante de nossos olhos. Em suma, um filme dinâmico, muito bem produzido e que, como o texto de Suassuna, não envelheceu, permanecendo como um dos melhores nacionais já produzidos. 9,0